Contagem regressiva. Badaladas do Big Ben. Luzes multicoloridas pelos céus de Westminster. A voz do comitê olímpico que anunciou Londres como sede em 2012. E o Rio Tâmisa em chamas. Londres começou 2012 mergulhada nos Jogos, em um show pirotécnico que anuncia a intenção da cidade em promover, como já disse o prefeito Boris Johnson, os maiores e melhores Jogos Olímpicos da história.
Confira abaixo a explosão de sons e luzes, com destaques musicais para Kinks, Queen e Adele.
Vídeo publicado pelo pessoal doeLondres.com (o link é do Twitter, e não do site, porque este se encontra indisponível no momento)
Não sou o primeiro a dizer: People Watching é uma das atividades mais divertidas em Londres. Por isso, quando me perguntam o que mais gosto na capital britânica, eu respondo: o metrô. O ônibus. As ruas. As lojas. As praças. E, claro, museus, teatros, shows, lojas. Lugares onde pessoas completamente diferentes se relacionam, do neopunk espanhol, de cabelo espetado e fones nos ouvidos, à velhinha inglesa, com um “pardon” para cada passo e o desejo sincero de chegar o quanto antes em casa.
“You don’t need McDonald’s, you need Jesus”, dizia um pastor com megafone em punho e um semblante assustado a todo transeunte que escolhesse o fast-food antes de entrar no metrô de Oxford Circus. Um dia, viu um panfleto que eu tinha na mão e disse: “You don’t need theater, you need Jesus”. Um mês depois, no meu primeiro dia na Grécia, durante as Olimpíadas de 2004, vejo esse mesmo homem pregando na entrada do metrô de Syntagma Square: “You don’t need the Olympics, you need Jesus”.
Odd Erection, o colega de albergue
Um cara de terno e quepe de marinheiro costumava passar por Oxford Circus (que regiãozinha, hein?) com uma radiografia do próprio pênis (imagina-se que fosse dele, pelo menos), na qual se podia ler: “Odd Erection” (ereção estranha). Encontrei essa figura diversas vezes pelas ruas. Uma delas, porém, foi assustadora. Eu estava na cozinha do albergue quando ele apareceu, sem o quepe e sem a radiografia. Com uma mão numa pizza congelada e a outra estendida em minha direção: “Hello, how are you?”.
O punk e o ódio à África do Sul
Qualquer novato fica abismado com a quantidade de gente estranha em Camden Town. Hipnotizado por aquelas cores, tatuagens, piercings, cabelos e rebeldia, observei um ser que encarnava todas as manifestações peculiares que eu podia encontrar ao meu redor. Além de apresentar aquele visual exótico, ele também carregava uma placa com dizeres em uma língua estranha. Receoso, me aproximei e pedi para tirar uma foto com o cara. Ele olhou para mim e disse: “Não tiro foto com sul-africanos”. Com a pele bem branca, oriunda do Sul do Brasil, porém, não tive sucesso ao tentar convencê-lo de que eu havia nascido bem longe da África. “Então qual é a capital do Brasil”, questionou, desconfiado. “Brasília”, respondi. Mas ele balançou a cabeça, resoluto, e determinou: “Não é, não”.
E tem mais
Eu poderia falar sobre outras situações engraçadas: o irlandês careca que imitava uma bateria, com sons e gestos, no elevador de Tottenham Court Road até que, na saída, ganhou prêmio pela atuação: “Fucking beautiful, mate”, disse um barbudo que se empolgou com a trilha sonora; o homem de terno que, ao avistar as portas do trem se fechando, se arremessou para dentro do vagão, sem, no entanto, manipular com habilidade a maleta que carregava, a qual ficou pendurada para fora; a expulsão do australiano que vendia êcstase nos corredores do albergue por urinar no corredor após uma bebedeira; a criança no Madame Tussauds que não parava de dizer que a Disney era muito mais divertida, mom.
People Watching em Oxford Street e Tottenham Court Road
O Reino Unido deve perder estudantes internacionais para a Austrália. Após a abolição do visto dado a alunos estrangeiros depois da conclusão dos estudos, o Tier 1 – Pos Study Work , os números de novas aplicações nas universidades britânicas estão caindo. A medida, que visa a reduzir os direitos dos alunos de outros países que desejam trabalhar no Reino Unido, passa a valer a partir de abril de 2012. A muitos quilômetros de distância, a Austrália, em um movimento contrário, pretende oferecer esse tipo de visto a partir de 2013.
Uma pesquisa realizada pelo Conselho Internacional do Reino Unido para Assuntos Estudantis (UKCISA), em outubro de 2011, com mais de 5 mil estudantes internacionais, mostra que o encerramento do regime de trabalho pós-estudo, em abril de 2012 teve um impacto significativo no número de matrículas de estudantes internacionais no Reino Unido. O regime concedia o direito a trabalho para diplomados do ensino superior internacional.
Enquanto isso, o governo australiano anunciou que vai introduzir um esquema de trabalho pós-estudo a partir de 2013. Esses dois movimentos opostos podem frear substancialmente a migração de estudantes de outros países para o Reino Unido.
“Com o anúncio da Austrália de seu novo esquema de trabalho pós-estudo, é bem possível que um número significativo de estudantes serão atraídos para lá”, declarou o professor Paul Webley, que preside o conselho de curadores UKCISA.
Alterações às regras de trabalho enquanto o estudante está se formando, incluindo a eliminação de direitos de trabalho para estudantes universitários privados e diminuição dos direitos de trabalho para os outros alunos pela metade, também colaboram para a redução na migração de alunos para o Reino Unido. As mudanças se aplicam a pessoas que solicitam vistos de estudante a partir de julho de 2011, incluindo os estudantes que desejam renovar seus vistos para permanecer no Reino Unido.
“O recrutamento de estudantes para muitas dessas instituições foi, e está sendo, dizimado, já que os alunos concluem que, sem trabalho de tempo parcial, o custo de estudar no Reino Unido não é mais acessível. Até o momento, cerca de 30 faculdades no Reino Unido foram fechadas, e atualmente existem até 5 mil alunos que, se não encontrarem lugares em outras faculdades, terão que voltar para casa. Teme-se que este padrão possa continuar”, comenta Webley.
O relatório mostra que, nos últimos 30 meses, houve 11 mudanças nas regras de imigração do Reino Unido que afetam os estudantes estrangeiros. Algumas delas tiveram impactos positivos sobre a velocidade e eficiência do processo de pedido de visto no Reino Unido, em comparação com os resultados de 2009 da mesma pesquisa. Segundo os dados coletados, “cerca de 60% dos estudantes acreditam que o Reino Unido acolhe bem os alunos estrangeiros altamente qualificados”.
Se você está interessado em vistos para o Reino Unido ou quer saber qual é o impacto dessa mudança no seu visto atual, entre em contato com um escritório especializado em imigração.
Este texto foi redigido por Livia Suassuna, diretora do escritório MartinsCosta Immigration. A empresa tem quatro anos de experiência no auxílio a brasileiros que desejam equacionar questões imigratórias. Para entrar em contato, envie um e-mail para office@martinscosta.com ou acesse o site www.martinscosta.com.
Para o Mapa de Londres, a blogagem coletiva constitui-se de terreno inexplorado. Mas a rede de links disseminados pela trupe viajante da blogosfera chegou até nós. A Cláudia, do A Viagem Certa, foi convidada pela Patrícia, do Turomaquia, pela Bárbara Bueno, do Brasil na Itália, e pelo Henry Bugalho, do Mãos de Vaca. Por sua vez, a Cláudia convidou a Natasha e o João, do Pra Ver em Londres. Esses apaixonados pela capital britânica, então, lembraram da gente e de mais uma porção de blogs bacanas.
A ideia dessa Blogagem Coletiva proporciona uma espécie de retrospectiva, pois convida a destacar sete posts que, por motivos diferentes, marcaram a história do blog. Então, de bússola em punho e muita atenção aos barcos suspeitos que passam pela gente no Tâmisa, vamos desbravar o Mapa de Londres:
O post mais bonito
O post chamado Os Pontos Turísticos de Londres. Ele visa a reunir as atrações mais famosas e requisitadas da capital britânica. Tem divisões certinhas, como igrejas, museus, parques, palácios, grátis, etc. Na verdade, ele reúne diversos posts, então se trata realmente de um manancial bacana de informações básicas para a montagem de um roteiro de viagem.
O post mais popular
O número de acessos indicado pelo Google Analytics não deixa dúvida: o post mais popular é o Mapa de Atrações Turísticas de Londres, um campeão de visitas desde o início do site. Nele, criamos um mapa do Google reunindo um grande número de atrações e também reproduzimos um mapa antigo, desenhado, com os pontos turísticos mais atraentes de umas décadas atrás (London Eye não existia, por exemplo).
O post mais controverso
Poucos posts do blog são construídos em primeira pessoa, na voz do editor, Gustavo Heldt. Isso porque o conceito básico do Mapa de Londres pretendia configurar o blog como um guia turístico. Com a remodelação realizada recentemente, procuramos (eu e meu irmão, Guilhermo, braço direito da história) estabelecer duas plataformas de acesso: o guia, mais formal, no site principal, e o blog, mais crônico e pessoal, que pode ser acessado tanto pela home quanto pelo endereço https://mapadelondres.org/blog.
Assim, poucos posts, até agora, tiveram a capacide de se transformar em motivo de controvérsia. Um que imaginei que pudesse suscitar discussões se chama Londres não é cara. Nele, só para dar um exemplo, defendo que o transporte em Londres, mesmo em comparação com o Brasil, não pode ser considerado caro. Confira e revolte-se, se for o caso.
O post que ajudou mais gente
Dentro do nosso Guia Básico, temos o Guia do Transporte, que pretende orientar passo a passo o visitante em Londres. Assim, constitui-se de um dos materiais que mais auxilia os leitores que estão planejando sua viagem, conjuntamente ao guia de pontos turísticos, já mencionado.
O post de sucesso surpreendente
Há alguns dias, publiquei um Guia Para Identificar Estrangeiros em Londres. É um texto irônico, construído com base em alguns elementos verdadeiros que realmente ilustram bem algumas nacionalidades que se encontram na capital britânica. O texto teve muitos acessos no dia e foi compartilhado por um monte de gente no Facebook. Como esse, outros virão.
O post sem o sucesso merecido
A série Personagens de Londres não faz grande sucesso entre os leitores do site. Na verdade, trata-se de uma aposta e uma vontade pessoal minha de escrever sobre esses assuntos que despertam pouca curiosidade de quem se interessa mais por pontos turísticos do que por histórias. Com Os Corvos da Torre de Londres, acho que consegui unir esses dois elementos, mas isso não foi o suficiente para angariar os cliques merecidos. Quem sabe agora, com esse semiapelo, o post se destaca mais?
O post do qual mais me orgulho
Não há um único post do qual me orgulhe. Mas talvez os que mais demandem esforço e que mais me proporcionem prazer ao redigir sejam aqueles que contam um pouco a história de Londres. Elejo, por isso, um símbolo da história da cidade, o Palácio de Whitehall, que sobrepujava até o Palácio de Versalhes no século 17, antes de servir de palco para a execução do Rei Charles I e de um incêndio que o extinguiu quase por completo. Restou a Banqueting House, outro post bacana.
Quebrando as regras
Não vou indicar outros sete blogueiros para participarem, porque os blogueiros que acompanho já foram convidados ou já estão participando. Então, resta apenas citar aqui alguns posts com os 7 links de blogs bacanas:
Tem gente que, se pudesse, levaria uma mala cheia de guardachuvas para Londres. Para eles, a grande preocupação da viagem à capital britânica é o mês inteiro de planejamento necessário para enfrentar a chuvarada que desaba incansávelmente pela cidade. Onde comprar casacos impermeáveis?
Quantas capas de chuva devo incluir na bagagem? Snorkel será necessário? Devo encapar o passaporte para que a tempestade não o atinja, mesmo seguro no cofre do hotel? Guardachuvas comprados no Brasil funcionam na Inglaterra?
Qual o tamanho mínimo para garantir a efetividade da proteção do guardachuva diante do temporal incessante da Terra da Rainha?Calma, a situação não é tão caótica assim. Claro que chove na Inglaterra.
Porém não é aquela tragédia anunciada toda vez que alguém avisa que está embarcando para Londres. “Tá levando guardachuva?”, ri aquele tio que, embora tenha condições financeiras, nunca deixou a cidade natal.
Pior do que ele, só a garota que viajou pela Europa, visitou a capital britânica e retorna triste: “Dos cinco dias, só quatro pudemos aproveitar”.
A chuva incessante, portanto, trata-se de um mito. Mas e o sol? Ah, agora sim. O sol realmente reluta em dar as caras em Londres. Quando aparece, é uma festa.
Ingleses branquelas se estendem pelos Parques Reais e até se abstêm da camisa, tudo em prol de um contato intenso com o astro rei, que tão pouco se curva sobre a Terra da Rainha. Em 2004, uma exposição no Tate Modern apresentava um teto dourado que simulava um sol gigantesco.
Olhando para cima, deslumbrados, turistas e nativos se amontoavam deitados para captar o brilho usualmente ofuscado pelas nuvens londrinas.
Então, preciso de guardachuva? Olha, pode até trazer. Mas esqueça o bronzeador.
Nesse mesmo link (dica do Dri Everywhere), abaixo da previsão, também dá para conferir a média de temperatura e precipitação durante o ano todo. Confira
Você está na plataforma esperando o trem na estação de Piccadilly Circus.
Você vê o trem se aproximando, escuta “Mind the gap between the train and the platform”, acha o sotaque engraçado, deixa as pessoas saírem e depois dá os primeiros passos para dentro do veículo.
Então você se acomoda no primeiro banco que aparece e começa a observar o ambiente. “Esse é o metrô de Londres”, você pensa, antes de principiar a jornada e tentar adivinhar a nacionalidade de cada um dos passageiros.
Foto: Mapa de Londres
Para situações como esta, utilize o nosso Guia Para Identificar Estrangeiros em Londres.
Franceses
É fácil identificar os franceses, pois eles dizem Piccadilly Circús e Oxforrrd Circúúús, com a sílaba tônica quase sempre no fim da palavra, pronunciada após a compressão dos lábios no característico “biquinho”.
E você não terá problema para que eles abram a boca, afinal eles estão sempre falando.
Sabem que seu idioma é sexy e reforçam o sotaque ao reconhecer um estrangeiro admirado.
Se o cigarro não fosse proibido no metrô, bafejariam, entre as frases, a fumaça na direção dos outros passageiros (e o fariam de maneira que deixaria a vítima encantada e revoltada ao mesmo tempo).
Brasileiros
Você vai notar que 1/5 dos passageiros do metrô são brasileiros.
Isso não quer dizer, porém, que os brasileiros expatriados amem esse meio de transporte.
Apenas que brasileiro é o que não falta na “Terra da Rainha”, como adoram chamar Londres.
Além de pulularem com afinco pela capital britânica, os brasileiros gostam de mostrar as cores de seu país e anunciar aos quatro cantos sua terra natal.
Por isso, não será difícil reconhecer os brasileiros de Londres:
1) Eles andam em bando;
2) Metade veste camisas da seleção brasileira ou outros adereços com as cores verde e amarela;
3) Eles falam alto, berram “Brasil, Brasil!” para qualquer um que ficar olhando e não veem problema em cantar em público músicas que no Brasil ficariam com vergonha de saber a letra.
Indianos
Os indianos também podem ser identificados pela fala.
Quando você ouve algo muito próximo de “dagadagadagadagadagadagadaga”, tenha certeza de que você está diante de um indiano.
Ainda mais se ele exala um cheiro forte, decerto proveniente do curry e de outros temperos da culinária local.
Como os brasileiros, os indianos vivem em bando.
Assim, potencializado, o odor não somente entrega a nacionalidade, mas também afasta qualquer nova investigação do observador.
Ingleses
A primeira regra para identificar um londrino é: procure o passageiro mais desinteressado do vagão.
Não que ele não se interesse por nada, mas certamente ele não vai ficar olhando para você e tentando adivinhar-lhe a nacionalidade, a menos que você se enquadre naquele item número três da descrição anterior.
Geralmente, o londrino no metrô estará entretido em uma dessas três atividades:
Lendo livro ou jornal, em formato impresso ou digital;
2) Ouvindo música com um fone grandão, plenamente alheio do restante do trem;
3) Passando despercebido.
E se você conseguir identificar um londrino no trem, comemore, pois grande parte deles se refugia em áreas menos turísticas e mais periféricas.
Se o mundo inteiro invadisse a sua cidade, você entenderia o porquê.
Italianos
Também não é difícil identificar os italianos, já que eles são os únicos seres do planeta que conversam com as mãos.
Além da peculiar modalidade de diálogo, a maioria ostenta um belo corpo.
Ou seja, você já estará olhando para eles antes de pensar em tentar identificar de onde vêm.
Se você encontrar um grupo falando sobre futebol, sugerimos que grite bem alto “Baggio”. Só lembre, antes, de esperar a porta abrir e se preparar para a fuga.
Argentinos
Os argentinos falharam em ser italianos, mas não desistem.
Como os primos europeus, os argentinos usam as mãos enquanto conversam e apresentam melenas intermináveis.
E não ouse chamá-los de latinos, sob pena de ouvir que Buenos Aires é a Roma ou a Paris sul-americana.
Se encontrar um grupo falando sobre futebol, pode gritar qualquer coisa: eles vão se irritar igual, até porque estão sempre perdendo mesmo.
Longe do Brasil há quase 12 anos, Marcos Losekann, 45, é um correspondente internacional insatisfeito. Não por causa do cargo, no comando do jornalismo da Rede Globo em Londres, mas devido a sua preferência clubística. “Sou um correspondente gremista”, avisa em seu perfil do Twitter um dos mais internacionais jornalistas brasileiros, pouco afeito à possível relação de sua função com o nome do rival, o Colorado.
O bom humor permeia o discurso do gaúcho, natural de Independência, na rede social. Nem parece, em alguns momentos, o profissional compenetrado e arguto, de fala clara e imagética da televisão, cujas primeiras expedições investigativas para o exterior ocorreram no início da década de 1990. Na época, Losekann era correspondente da região amazônica, incluindo os países vizinhos. O conflito entre Equador e Peru, em 1994, revelou sua habilidade como jornalista de guerra, lapidada posteriormente.
O Parlamento Britânico é cenário constante das matérias de Losekann. Foto: Divulgação
O trabalho em Londres começou em 2000. Losekann exerceu o cargo de correspondente na capital britânica até 2004, quando se transferiu para a conturbada Jerusalém, onde se embrenhou no combate entre israelenses e palestinos. Lá viveu uma das situações mais perigosas de sua carreira, ao escapar de mísseis disparados pelo Hizbollah, em 2006. Em 2007, foi convidado para voltar a Londres, desta vez como correspondente-chefe da Rede Globo.
Losekann já cobriu diversos confrontos em sua carreira
Embora esteja sediado na capital britânica, Losekann não se furta de cobrir os principais acontecimentos mundiais. Em 2008, por exemplo, o correspondente foi detido por membros do partido político Hizbollah, reconhecido por sua atuação miliciana, e expulso do Líbano. Ele também visitou os destroços de Chernobyl e foi atrás do esconderijo de Osama Bin Laden, no Paquistão.
Depois de tanto tempo em Londres, Losekann não age mais como turista. “Quem vem visitar geralmente quer ver coisas de destaque, que estão ‘bombando’. Eu já vi tudo isso”, comenta o jornalista, que prefere assistir a musicais a buscar o melhor ângulo das obras da National Gallery. Mas não adianta. A convivência com o fog londrino não lhe alterou a inclinação climática: “Quanto mais sol, melhor”.
Na entrevista abaixo, realizada por e-mail, o jornalista fala sobre a sua carreira e relação com Londres.
Tu disseste em outra entrevista que não foi tu quem escolheste o jornalismo, mas o jornalismo é que te escolheu. E Londres, tu escolheste?
Não houve uma escolha. Fui convidado pelo diretor de Jornalismo, Evandro Carlos de Andrade (na época, da CGJ – Central Globo de Jornalismo) para o cargo de correspondente em Londres.
Provavelmente, a posição de correspondente em Londres é uma das mais cobiçadas. No exercício da tua profissão, preferes a capital britânica, em aparente tranquilidade, ou uma região normalmente mais conturbada, como o Oriente Médio?
Gosto de dar notícia, seja onde ela estiver: na ‘’pacata’’ Londres ou na agitada Jerusalém, por exemplo.
Como será a cobertura da Globo das Olimpíadas de Londres em 2012, que possui, em TV aberta, direitos exclusivos da Record? Como a Globo em Londres se prepara para o evento?
Não sou diretamente ligado à CGESP (Central Globo de Esporte). A minha Central é a CGJ (Central Globo de Jornalismo). Desse modo, pelo menos até agora, nada especificamente eu soube a respeito da cobertura das próximas olimpíadas. Só sei que, como repórter, estou a postos, como sempre, para o que der e vier.
Para ti, essa exclusividade, tanto da Record neste evento quanto da Globo em outros, pode atrapalhar a qualidade da informação que chega ao telespectador?
Só existe exclusividade porque alguém vende os direitos. E quem faz isso, no caso de uma olimpíada, é o COI (Comitê Olímpico Internacional) – o organizador do evento. Numa Copa do Mundo é a Fifa… E assim por diante. Isso é de praxe. Mesmo aqui na Europa, não são todos os canais que detêm os direitos sobre eventos esportivos. Portanto, não se trata de uma situação unicamente brasileira. De qualquer forma, não acho que o espectador perde. Só perde se o veículo que tem a exclusividade de transmissão das provas e de trânsito nas áreas restritas (vila Olímpica) não fizer um bom trabalho.
O chefe de jornalismo da Globo em Londres consegue ter (ou descrever) uma rotina diária?
A rotina em Londres é muito dependente dos fatos, das pautas… Aliás, como é a rotina de qualquer redação no planeta. Tudo depende da notícia. Se tem mais notícia, tem mais trabalho. E vice-versa. E bom repórter não espera notícia cair do céu. Então quando é período de calmaria, de ‘’vacas magras’’, é hora de procurar pautas não factuais… É o que fazemos em Londres e em toda a Globo como um todo.
Dá tempo de visitar pontos turísticos, passear em museus, conferir a exposição do Da Vinci na National Gallery, enfim, aproveitar longe do trabalho uma das capitais mais efervescentes do mundo?
Dá tempo de um jornalista em SP ou do Rio aproveitar a cidade em que vive? Dá pra ir ao Maracanã de vez em quando? E ao Ibirapuera? Se dá no Brasil, também dá aqui… De vez em quando… (risos).
Qual seria o teu TOP FIVE de atrações em Londres?
Depende muito. Acho complicado responder isso, porque moro aqui há 11 anos, e minhas preferências não servem de base, por exemplo, para um turista, pois quem vem visitar geralmente quer ver coisas de destaque, que estão ‘’bombando’’. Eu já vi tudo isso. Agora, de vez em quando, levo um visitante a algum lugar que já conheço (quando recebo a visita de um parente ou amigo, por exemplo). Já eu… Bem, eu gosto de musicais (sempre que tem um lançamento, procuro assistir). E gosto de passear à toa nos grandes parques londrinos (também costumo correr, já que esse – corrida – é o meu modo de fugir do sedentarismo). No mais, faço aqui, como dito, como qualquer cidadão faz em sua cidade: vou ao cinema, saio para comer fora, etc. Nada, absolutamente, demais. Ah, também faço programas infantis (parques de diversões, etc), já que tenho duas filhas ainda pequenas.
Como (e onde) fica a tua família agora e como era no tempo em que tu moravas em Jerusalém?
Quando eu morava em Jerusalém a minha mulher ainda fazia mestrado em Londres. Assim, dos três anos vividos na ‘’Terra Santa’’, só moramos juntos no último, quando ela terminou os estudos em Londres. Nos dois primeiros anos, foi ‘’ponte-aérea’’, mesmo. Como não tínhamos nossas filhas, tudo bem… Agora moramos todos juntos, na mesma casa, em Londres. Somos uma típica família anglo-brasileira.
E hoje, preferes os parques cobertos de neve ou cobertos de londrinos aproveitando os raros momentos de sol?
Quanto mais sol, melhor.
E como tu acompanhas o Grêmio e tudo que deixaste no Brasil?
Pela internet, consigo assistir à Globo e a todos os demais canais brasileiros. Acompanho os jogos, portanto, no computador. Também vejo alguns na Globo Internacional (quando passam jogos do Grêmio), bem como me atualizo via internet (sites, twitter, etc). Hoje em dia é fácil, com tantos meios de comunicação disponíveis, né?
Encaras o trabalho no exterior como uma etapa da vida e da profissão ou como uma vocação?
Minha vocação, creio, é o Jornalismo. Onde exerço jornalismo é só um detalhe geográfico.
Quer se situar direito em Londres? Então agarre um mapa e fique confortável na cadeira, pois o Mapa de Londres vai dar uma ajudinha.
A Grande Londres (Greater London) pode ser seccionada em Outer London (região periférica) e Inner London (região central). Para o propósito deste texto, consideraremos apenas a área de maior interesse e confluência turística, a Inner London.
A região central de Londres é dividida em 12 boroughs, que aqui serão chamados de distritos, além da City of London, um caso à parte. Por que não os chama de “bairros” logo, pergunta o leitor. Pois bairro designa uma área geográfica, apenas, enquanto borough se refere a uma subdivisão administrativa do município.
Camden abriga a feira de Camden Lock, pubs seminais do rock e alguns dos indivíduos mais exóticos do planeta. Perambular pelas ruas de Camden Town configura-se como uma experiência antropológica das mais interessantes, afinal não é sempre que cogumelos mágicos são expostos livrementes, seres de cabelo desconjuntado oferecem “skank, skank” a cada passada e policiais convivem alheios a tudo, observando o desfile contínuo de penteados esquisitos, piercings múltiplos e lojas de bugigangas, velharias, itens vintage e roupas alguns anos à frente da moda (de qualquer época). Enfim, aqui o estranho é você.
Com o tempo, Greenwich fica mais famosa. Aqui reside o Prime Meridian, o qual regula a cronologia no mundo. O passeio, no entanto, não se restringe à curiosidade temporal, no Observatório Real de Greenwich. A região possui uma ligação direta com a Realeza, motivo pelo qual será considerada um Royal Borough a partir do próximo ano, no jubileu de diamante da Rainha Elizabeth II. Do Parque Real de Greenwich, é possível captar uma das mais belas vistas da cidade de Londres. E o verde do lugar extrapola o parque e tinge graciosamente as ruas do distrito.
Fica imediatamente a oeste de Westminster e a leste de Hammersmith e Fulham. Para os curiosos que procuram Notting Hill, a área eternizada pelo filme de Hugh Grant e Julia Roberts fica aqui. Depois de Westminster, Kensington e Chelsea constitui-se do distrito mais rico da capital britânica e, por densidade, o mais populoso. É a casa de lojas de departamento como Harrods e Harvey Nichols, do Carnaval de Notting Hill, da feirinha de Portobello Road e de embaixadas diversas.
Para os fãs de futebol, o distrito é um dos lugares mais interessantes de Londres, pois aqui moram três dos 20 principais times ingleses: o Fulham, o Chelsea e o emergente Queens Park Rangers. Mas os turistas tradicionais, que não se empolgariam em visitar estádios, também têm o que ver neste borough. Alguns exemplos: o Hammersmith Apollo (venue histórica que já serviu de palco para Beatles e Rolling Stones), a School Disco (balada cujo dress code é o colegial, gravatinha para eles e minissaia para elas) e a Hammersmith Bridge, a primeira ponte suspensa sobre o Rio Tâmisa.
A City é o coração de Londres. Foi aqui que tudo começou, em 43 D.C., quando os romanos fundaram Londinium, um porto comercial ancorado pelo Tâmisa. Os limites geográficos da área, conhecida como Square Mile (milha quadrada) permanecem praticamente os mesmos. Até a Idade Média, tudo que havia de Londres era a City, que hoje se constitui da capital financeira da cidade. Mesmo que você não se interesse em ver pedaços da Muralha de Londres, vale a pena a visita: o Banco da Inglaterra, a St Paul’s Cathedral, o Monument e a Old Bailey estão aqui.
A City of Westminster é tão deslumbrante, que dificulta o manuseio da câmera fotográfica. Afinal, para onde você deve apontá-la? Talvez seja uma boa ideia começar pelo Palácio de Buckingham. Ou pelo Palácio de Westminster. Pela Abadia de Westminster. Ou Hyde Park, Regent’s Park, Kensington Gardens, etc, etc, etc. Só não vale se entusiasmar demais com essa parte da cidade e achar que Londres acabou: tem muito mais, e logo ao lado.
O distrito situa-se ao norte do Rio Tâmisa, no leste de Londres, e cobre grande parte do East End. Como toda a região leste da capital britânica, compreende uma área bastante heterogênea. Whitechapel, palco dos crimes cometidos por Jack, o Estripador e considerada a favela da cidade no fim do século 19, se transformou completamente. Ao lado, Brick Lane, ponto migratório de bengalis e indianos, passou de capital do curry à capital das artes em pouco tempo, acolhendo os grafites de Banksy e bares bastante concorridos. E bem no sul do distrito, arranha-céus dignos do nome pululam por toda Isle of Dogs nas Docklands, que incluem ainda West India Docks e Canary Wharf.
A estação de Oxford Circus nunca foi grande o suficiente. As reformas, constantes desde a inauguração, em 1900, parecem nunca bastar para atender à multidão que, de sacolas em punho, conflui à área considerada hoje o epicentro comercial de Londres e da Europa. Trata-se, atualmente, da terceira estação mais movimentada da cidade, a mais usada entre as que não possuem conexão com o National Rail.
Inicialmente, a Oxford Circus Station oferecia apenas a Central Line, aquela linha vermelha que, como sugere incisivamente o nome, compreende até hoje uma linha no centro da zona 1. Mas a Central Line não foi suficiente para aplacar a avidez dos consumidores da região. Seis anos depois, foi inaugurada a plataforma Baker Street e Waterloo Railway, por uma empresa diferente, em um prédio ao lado e completamente isolada do restante da estação original (e a construção antiga pode ser avistada até hoje na saída).
Após muitas discussões entre as empresas, uma reconstrução completa começou em 1912 e se materializou em 1914, com um espaço maior dedicado à venda de passagens e aos elevadores. O rearranjo durou apenas nove anos. Então o prédio da Central Line passou a servir apenas para a saída dos passageiros, e um segundo par de escadas rolantes foi construído. Em 1928, criou-se uma terceira escada rolante conduzindo à plataforma de Bakerloo. A situação se manteve assim até 1942, quando elevadores de alta velocidade foram introduzidos para amainar o congestionamento de passageiros.
Oxford Circus fica bem no meio da Zona 1
Em 1963, empreendeu-se uma grande reforma a fim de acomodar a Victoria Line. Para a expansão da estação, a escavação dos túneis e o rearranjo do espaço para a venda de passagens, a Oxford Circus teve de ser fechada. Durante cinco anos, até 1968, o tráfego de trens foi desviado para uma estação temporária. Finalmente, em 1969, ocorreu a grande reinauguração da Oxford Circus Station.
Mas não durou muito para que houvesse necessidade de novas reformas. Só que, durante as obras, em 1984, um grande incêndio destruiu uma das plataformas. Acredita-se que o princípio das chamas tenha se devido a restos de cigarros arremessados em um duto de ventilação. Assim, o acidente resultou a proibição do fumo nos trens e nas estações de metrô.
Em 2007, uma grande modernização. Murais instalados nas plataformas da Central e Bakerloo Line foram retirados e substituídos por tijolos brancos em um estilo similar ao original, de 1900. Três anos depois, foi a vez de as escadas rolantes ganharem atenção especial. Algumas foram trocadas, e outras remodeladas. E agora, quanto tempo até que a estação tenha que se reinventar novamente para dar conta da demanda?
Na verdade, os trabalhos de manutenção, expansão e reparos não param. Veja o que está programado para a Central Line.
Londres não para. A história instigante da cidade, um dos maiores chamarizes da capital britânica, está em constante evolução. Nos vídeos abaixo, você verá, década a década, o desenvolvimento de Londres, desde as ruas lotadas daqueles primeiros modelos de ônibus puxados a cavalo até os novos modelos do Boris Bus em uma cidade completamente reconstruída, um século depois, prestes a se tornar o palco das Olimpíadas de 2012.
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