People Watching em Londres

Não sou o primeiro a dizer: People Watching é uma das atividades mais divertidas em Londres. Por isso, quando me perguntam o que mais gosto na capital britânica, eu respondo: o metrô. O ônibus.  As ruas. As lojas. As praças. E, claro, museus, teatros, shows, lojas. Lugares onde pessoas completamente diferentes se relacionam, do neopunk espanhol, de cabelo espetado e fones nos ouvidos, à velhinha inglesa, com um “pardon” para cada passo e o desejo sincero de chegar o quanto antes em casa.

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Pastor de Oxford Circus em Atenas

“You don’t need McDonald’s, you need Jesus”, dizia um pastor com megafone em punho e um semblante assustado a todo transeunte que escolhesse o fast-food antes de entrar no metrô de Oxford Circus. Um dia, viu um panfleto que eu tinha na mão e disse: “You don’t need theater, you need Jesus”. Um mês depois, no meu primeiro dia na Grécia, durante as Olimpíadas de 2004, vejo esse mesmo homem pregando na entrada do metrô de Syntagma Square: “You don’t need the Olympics, you need Jesus”.

Odd Erection, o colega de albergue

Um cara de terno e quepe de marinheiro costumava passar por Oxford Circus (que regiãozinha, hein?) com uma radiografia do próprio pênis (imagina-se que fosse dele, pelo menos), na qual se podia ler: “Odd Erection” (ereção estranha). Encontrei essa figura diversas vezes pelas ruas. Uma delas, porém, foi assustadora. Eu estava na cozinha do albergue quando ele apareceu, sem o quepe e sem a radiografia. Com uma mão numa pizza congelada e a outra estendida em minha direção: “Hello, how are you?”.

O punk e o ódio à África do Sul

Qualquer novato fica abismado com a quantidade de gente estranha em Camden Town. Hipnotizado por aquelas cores, tatuagens, piercings, cabelos e rebeldia, observei um ser que encarnava todas as manifestações peculiares que eu podia encontrar ao meu redor. Além de apresentar aquele visual exótico, ele também carregava uma placa com dizeres em uma língua estranha. Receoso, me aproximei e pedi para tirar uma foto com o cara. Ele olhou para mim e disse: “Não tiro foto com sul-africanos”. Com a pele bem branca, oriunda do Sul do Brasil, porém, não tive sucesso ao tentar convencê-lo de que eu havia nascido bem longe da África. “Então qual é a capital do Brasil”, questionou, desconfiado. “Brasília”, respondi. Mas ele balançou a cabeça, resoluto, e determinou: “Não é, não”.

E tem mais

Eu poderia falar sobre outras situações engraçadas: o irlandês careca que imitava uma bateria, com sons e gestos, no elevador de Tottenham Court Road até que, na saída, ganhou prêmio pela atuação: “Fucking beautiful, mate”, disse um barbudo que se empolgou com a trilha sonora; o homem de terno que, ao avistar as portas do trem se fechando, se arremessou para dentro do vagão, sem, no entanto, manipular com habilidade a maleta que carregava, a qual ficou pendurada para fora; a expulsão do australiano que vendia êcstase nos corredores do albergue por urinar no corredor após uma bebedeira; a criança no Madame Tussauds que não parava de dizer que a Disney era muito mais divertida, mom.

People Watching em Oxford Street e Tottenham Court Road

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