A história da seleção inglesa de futebol se confunde com a própria história do esporte mais popular do planeta. Quer saber por quê? Neste post, vamos entender as origens do futebol no país e a formação de sua seleção.
Bom, primeiro é importante lembrar que o futebol não é novidade. Os primeiros registros de manifestações esportivas jogadas com uma bola e com os pés remontam à antiguidade chinesa. Há ainda relatos de esportes semelhantes na Grécia antiga, no Japão e no México pré-colonial. Mas foi mesmo na Inglaterra que o futebol como conhecemos hoje foi sistematizado.
Os britânicos possuem longa tradição no esporte, começando em 1848 quando a Cambridge University Association Football Club elaborou o primeiro conjunto de regras que com as atualizações posteriores daria ao esporte as características atuais.
Não é surpresa saber que a seleção Inglesa tem tanta tradição quanto a própria história do futebol. Os britânicos desempenharam papel fundamental no decorrer do seu desenvolvimento e hoje são donos da maior liga do planeta, a Premier League, de longe a liga de futebol mais poderosa economicamente do mundo.
Servida pelos gigantes do futebol inglês e também pelos demais bem estruturados times da Liga local, a seleção da Inglaterra é detentora de longa tradição e jogadores que marcaram o esporte mais popular do mundo. Vamos conhecer neste texto como aconteceu essa história e os principais aspectos de uma das seleções mais importantes do mundo futebolístico.
História da Seleção Inglesa de futebol
História e futebol são duas coisas que se misturam para os Ingleses. Foram eles que elaboraram o primeiro corpo de regras que deu forma ao futebol contemporâneo. Definido pela primeira vez em 1848, o chamado Cambridge Rules foi a base para o código de regras adotado pela Football Association em 1863, organização essa responsável por gerir as ligas de futebol inglesas e por convocar e administrar a seleção de futebol da Inglaterra.
Foram necessários oito anos para que após a adoção das Cambridge Rules pela associação local o embrião da seleção nacional de futebol do país fosse formado. Em 1872, foi realizada aquela que é considerada a primeira partida entre seleções nacionais e que fundou as duas primeiras seleções de futebol da história.
De um lado a Escócia, vizinha geográfica e política, e do outro a Inglaterra, centro industrial e potência econômica do então século 19. A partida oficial de 1872 foi precedida por outros 5 jogos representativos entre os dois países. Apesar dos 5 primeiros confrontos terem sido entre duas nações, é o jogo de novembro de 1872 o considerado como o marco inicial da história dos jogos internacionais.
A partida terminou no zero a zero, placar magro para a rica tradição que começaria a partir dali.
Primeiras décadas do futebol bretão: A era Pré-FIFA
Do seu primeiro jogo oficial em 1872 até a entrada na FIFA em 1906, foram mais de 40 anos de futebol exclusivamente britânico para os jogadores da seleção Inglesa. Durante essas primeiras décadas a seleção nacional se restringiu a jogos apenas entre países membros do Reino Unido, Irlanda (que depois se dividiu), Escócia e País de Gales.
Esses quatro países organizavam e jogavam a chamada British Home Championship, competição local na qual apenas os quatro membros pertencentes ao Reino Unido tomavam parte. O torneio exclusivamente britânico teve vida longa e foi abolido apenas na temporada 1983-84, mais de 100 anos após as primeiras disputas.
A seleção Inglesa, potência futebolística das ilhas britânicas, é de longe a maior vencedora dessa histórica competição com 54 conquistas. A Escócia vem em segundo com 41 títulos. País de Gales e Irlanda fecham a conta com 12 e 8 títulos, respectivamente.
A era Pré-FIFA foi também uma época de orfandade para a seleção Inglesa. O estádio oficial do time, o Wembley, fora construído apenas em 1923. Sem uma casa permanente, os jogos das primeiras décadas eram disputados em diferentes cidades e estádios.
O início do século 20 foi um divisor de águas. Aqui o time passou a ser associado da FIFA, em 1906, e inaugurou o seu estádio permanente oficial. A história Inglesa no futebol mundial começava ali.
Da conturbada relação com a FIFA ao título mundial
As primeiras partidas oficiais da seleção Inglesa contra um país de fora do Reino Unido aconteceram em 1908, dois anos após o ingresso do time na FIFA. As disputas foram contra países da Europa continental e foram realizadas durante uma turnê pelo Velho Continente.
A relação entre a federação internacional de futebol e os Ingleses não era fácil e após pouco mais de 20 anos como país associado, os britânicos abandonaram o barco e voltaram a ficar um longo período de fora dos principais palcos do futebol mundial.
A saída da FIFA devido à divergências com sua direção aconteceu em 1928. Esse interlúdio no qual a Inglaterra se manteve fora da FIFA fez com que a seleção de futebol mais antiga do mundo não participasse das três primeiras edições da Copa da Mundo.
Apenas em 1946 os ingleses voltariam a figurar na organização internacional de futebol. A primeira participação em Copas do Mundo foi em 1950, na fatídica e bem conhecida dos brasileiros Copa do Maracanazo. Sediada no Brasil, a quarta edição da Copa do Mundo sagrou a seleção celeste do Uruguai como campeã e foi o palco de estreia para os Ingleses na competição internacional mais importante do mundo.
A tímida participação em sua primeira Copa do Mundo não foi condizente com o que seria mostrado nos anos seguintes. Após chegar às quartas de final nas edições de 1954 e 1962 (em 1958 o time foi eliminado na primeira fase), a seleção Inglesa venceu o torneio em 1966, sediado na própria Inglaterra. Sob comando do técnico Alf Ramsey, essa edição entrou para história da povo Inglês como o único título de Copa do Mundo conquistado por eles.
A histórica final contra a Alemanha Ocidental terminou em 4 a 2, já na prorrogação, e foi assistida de perto por 98 mil torcedores. Como não poderia deixar de ser, o palco da conquista foi o emblemático Wembley Stadium. A taça Jules Rimet, como era chamado troféu dado ao vencedor do torneio, foi entregue pelas mãos da própria Rainha e selou a primeira e única conquista dos ingleses.
Da conquista mundial à atualidade
A conquista da Taça Jules Rimet em 1966 foi a melhor performance da seleção da Inglaterra em torneios internacionais (excetuando-se as atuações no British Home Championship). Após o título mundial, a Inglaterra voltou a participar de nove edições da Copa do Mundo e ficou de fora de outras três edições. Sua melhor participação foi em 1990, na Copa do México, em que logrou chegar às semifinais e foi eliminada pela Alemanha Ocidental, mesmo time que derrotou na final de 1966.
Além das Copas do Mundo FIFA, a Inglaterra também tem uma rica participação nas edições da Eurocopa, torneio que reúne as melhores seleções do velho continente.
Em 14 edições do torneio organizado pela UEFA, os ingleses se classificaram para 9 e ficaram fora de 5. As melhores participações foram em 1968, quando foi conquistado um ótimo terceiro lugar, e em 1996, em que o time chegou às semifinais. Ao contrário do torneio da FIFA, a Eurocopa é uma competição que os Ingleses ainda não venceram.
O atual técnico da seleção é Gareth Southgate, inglês como a grande maioria dos seus antecessores (apenas 2 de 19 técnicos da seleção inglesa eram de outras nacionalidades).
Apesar dos poucos títulos internacionais em torneios FIFA e UEFA, a Inglaterra é tida como uma potência do futebol e uma seleção respeitada. A Premier League tem revelado ótimos jogadores desde sempre e alguns dos craques ingleses são reconhecidos expoentes da história do futebol, como David Beckham, Wayne Rooney e Michael Owen.
Curiosidades sobre a seleção da Inglaterra
A seleção inglesa e seus mais de 140 anos de história possui uma longa tradição e fatos controversos. Desde a alcunha de “Os três Leões”, apelido oficial da equipe, até o gol na prorrogação da final da copa de 1966 que na verdade não teria passado a linha do gol, o time de coração da família real já passou por muita coisa.
Os três leões
O apelido oficial da seleção Inglesa está relacionado ao brasão estampado no logo do time e também no escudo da federação inglesa de futebol. Trata-se de três leões guardant passant, símbolo do Rei Ricardo I (1189-1199) e também brasão do exército inglês.
Os Três Leões é um apelido de representação histórica e ilustrado nos escudos da federação nacional e no emblema do time.
O polêmico gol do título mundial de 66
Em 1966, a partida que daria à Inglaterra seu primeiro e único título de Copa do Mundo foi marcada por um gol polêmico. Geoff Hurst, que no tempo normal de jogo já havia marcado um tento e ajudado seu time a manter a partida empatada em 2 a 2 e levá-la para a prorrogação, entrou para história ao marcar um dos gols mais polêmicos da história das Copas do Mundo.
Eram cerca de 11 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o atacante, então artilheiro da equipe britânica na Copa, recebeu passe próximo da área adversária, se posicionou quase na entrada da pequena área e disparou um petardo contra o goleiro alemão. A bola explodiu no travessão e quicou no chão caprichosamente, mas sem ultrapassar a linha do gol.
O árbitro da partida, Gottfried Vienst, validou o gol e colocou os ingleses na frente novamente. A partir dali, jogando em casa e com o apoio dos quase 98 mil torcedores, a Inglaterra dominou o jogo e marcaria ainda mais uma vez, também com Geoff Hurst, e se sagraria campeã mundial.
A revanche alemã na África do Sul
Em 2010, na Copa da África do Sul, mais um lance polêmico se juntaria à história da seleção Inglesa. Mas desta vez não foi para ajudar.
Em partida contra a mesma Alemanha, pelas oitavas de final, o craque Inglês Lampard deu um chutasso no travessão em jogada muito parecida com a de Geoff Hurst. Tal como em 1966, a bola caprichosamente bateu no chão após explodir na trave, mas dessa vez do lado de dentro da linha do gol.
O árbitro da partida, o uruguaio Jorge Larrionda, não validou o gol e deu seguimento ao jogo. O lance ficou pra história do futebol como a vingança da Alemanha pelo gol mal assinalado 44 anos antes.
Maiores artilheiros da seleção inglesa
A Inglaterra conta com grandes artilheiros em seu panteão de craques. O primeiro da lista ainda está em atividade. Trata-se de Wayne Rooney, aguerrido atacante que além de ídolo nacional é também um dos maiores jogadores do Manchester United.
Outros grandes atacantes também figuram na lista. Veja quem são os maiores artilheiros da seleção inglesa:
- Wayne Rooney ( 53 gols)
- Bobby Charlton (49 gols)
- Garry Lineker (48 gols)
- Jimmy Grieves (44 gols)
- Michael Owen (40 gols)
Wayne Rooney está na seleção nacional desde 2003 e foi companheiro de Owen até 2008. Os dois formaram uma das duplas de ataque mais temidas dos anos 2000.
Bobby Charlton e Jimmy Grieves foram companheiros de time durante as décadas de 60 e 70. Fechando a lista, Garry Lineker foi o artilheiro Inglês na década de 80.
Jogadores mais longevos
Em seus mais de 140 anos de história, é de se esperar que alguns jogadores tenham jogado na seleção por longos anos e disputado centenas de jogos. Curiosamente, os jogadores que mais disputaram partidas pelo time inglês são relativamente novos na história da seleção. Vejamos quem são eles!
- Peter Schilton (1970-1990)
- Wayne Rooney (2003-até o momento)
- David Beckham (1996-2010)
- Steven Gerrard (2000-2014)
- Bobby Moore (1962-1970)
Peter Schilton disputou 125 jogos. É seguido de perto por Rooney com 119, Beckham com 115 e Gerrard com 114. Bobby Moore completa a lista como o quinto jogador que mais jogos disputou pela seleção Inglesa, um total de 108.
Elenco atual e uniformes da seleção Inglesa
Ao contrário da seleção brasileira e da maioria dos países sul americanos, a seleção Inglesa é formada quase que inteiramente por jogadores que atuam na Premier League. Do elenco atual dos Três leões, apenas o goleiro Hart atua no futebol estrangeiro, defendendo o Torino, da Itália.
Dos jogadores convocados pela última vez em março de 2017, 11 são dos gigantes do campeonato inglês: Manchester United, Manchester City, Arsenal, Liverpool, e Tottenham.
O time que mais cedeu jogadores para a última convocação foi o Southampton, com cinco convocados pelo técnico Garath Southgate. O elenco atual conta com:
Goleiros: John Hart (Torino), Fraser Foster (Southampton) e Tom Heaton (Burney)
Defensores: Kyle Walker (Tottenham), Ryan Bertrand (Southampton), Michael Kayne (Burney), John Stones (Manchester City), Nathaniel Clyne (Liverpool), Luke Shaw (Manchester United), Ben Gibson (Middlesbrough).
Meio-campistas: Eric Dier (Tottenham), Raheem Sterling (Manchester City), Alex Oxlade-Chamberlain (Arsenal), Dele Alli (Tottenham), Adam Lallana (Liverpool), Jake Livermore (,West Bromwich Albion) James Ward Prowse (Southampton), Ross Barkley (Everton), Jess Lingard (Manchester United), Nathan Redmond (Southampton)
Atacantes: Jermain Defoe (Sunderland), Jamie Vardy (Leicester), Marcus Rashford (Manchester United)
Wayne Rooney não foi convocado na última lista dos Three Lions. O maior artilheiro da história da Inglaterra vive mau momento em seu clube, o Manchester United, mas pode voltar a qualquer momento.
Wembley, a casa dos Três Leões
O estádio oficial e permanente da seleção da Inglaterra é o emblemático Wembley Stadium. O local tem história para contar. Originalmente inaugurado em 1923 para ser a casa da seleção Inglesa, o estádio foi demolido em 2002-2003 e passou por um processo de reconstrução total.
Foi no antigo Wembley que os Ingleses viram sua seleção levantar a Taça da Copa do Mundo de 1966. Também foi amplamente utilizado na Eurocopa de 1996, sediada na Inglaterra e na qual o time da casa conseguiu sua melhor performance no torneio.
Após o fechamento em 2000 e demolição nos anos seguintes, a reinauguração aconteceu somente em 2007, após um longo período de construção e espera por parte do público britânico.
O projeto arquitetônico foi feito por uma parceria entre dois renomados escritórios de calibre mundial, o Foster And Partners, sediado em Londres, e a Populous( antiga HOK Sport Venue Event).
Projetado para ser uma arena completa, abrigando também jogos de Rugby, competições de atletismo e atrações musicais, o estádio é o maior da Inglaterra e o segundo maior de todo continente Europeu (o primeiro lugar é do Camp Nou, do Barcelona).
A capacidade de público é de impressionantes 90 mil pessoas, que pode ser estendido para 105 mil. O Wembley Stadium é classificado como estádio 4 estrelas pela UEFA, a maior classificação da entidade máxima do futebol europeu.
Em Londres, é possível fazer um tour guiado pelo estádio de Wembley. Já imaginou?
E aí, curtiu aprender um pouquinho sobre a seleção inglesa e as curiosidades da origem desse esporte? Comente.