As feiras medievais eram eventos que reuniam compradores e vendedores de diferentes mercadorias em um lugar específico da cidade em uma data previamente marcada ou durante um período especial.
A palavra “feira” vem do latim, “feria”, um dia santo de descanso em que as pessoas se reuniam para orar.
Desde o início, a igreja auxiliava e patrocinava as feiras medievais, que lhe rendiam recursos importantes.
Na Inglaterra, as feiras medievais começaram a ser organizadas após a conquista Normanda, no século 11.
Para realizar o evento, era exigida uma “franchise“, um documento que concedia esse direito legal, por decreto Real ou do Parlamento.
De 1188 a 1483, houve 2,8 mil pedidos de realização de feiras na Inglaterra.
No restante da Europa, as feiras medievais eram realizadas no período que celebrava um santo, em torno da área de uma igreja ou abadia.
Na Inglaterra, porém, esse costume não era bem visto, e esse tipo de evento ocorria em campos abertos ou nas cidades, normalmente em caráter temporário.
Embora o principal objetivo de uma feira medieval fosse a comercialização de mercadorias, havia muitas apresentações e festividades para atrair os consumidores.
Cantores, músicos, acrobatas e bobos da corte perambulavam pelos locais para animar os convivas e induzir às compras.
Além desse tipo de entretenimento, as feiras medievais traziam competições, como campeonatos de arco-e-flecha, e muitas barracas com comidas e bebidas.
Como eram as feiras medievais na Inglaterra
Existiu um grande número de feiras e mercados na Inglaterra medieval, especialmente nos séculos 13 e 14, quando a economia começava a florescer com mais força. O maior número de feiras se concentrava na região sudeste da Inglaterra.
Veja as principais regiões onde eram realizadas as feiras medievais:
- Bedfordshire
- Berkshire
- Buckinghamshire
- Essex
- Hampshire
- Kent
- Middlesex
- Oxfordshire
- Sussex.
Em toda a região sudeste, chegou a existir mais de 25 feiras e mercados no século 11, aumentando para 56 no século 12 e mais de cem no século 13. Na região sudoeste, foram outras 24 no século 11, chegando no século 13 a 65 mercados.
Em algumas regiões, o crescimento comercial foi tão grande no final da Idade Médi,a que chegava a haver mais de uma feira na mesma região.
Algumas cidades, como Alcester, se desenvolveram como entrepostos comerciais desde a época do domínio Romano, ainda que em uma escala bem menor e menos internacionalizada.
Outras cidades aproveitaram vantagens naturais locais para fazer o comércio prosperar. Foi o caso de Abingdon, cuja economia comercial da época medieval era baseada na lã produzida em sua zona rural.
Tal como na Europa continental, na Inglaterra os produtos comercializados eram os mais diversos, desde especiarias importadas dos italianos até produtos locais produzidos nas redondezas do burgo.
Até hoje a Inglaterra preserva traços das cidades que tiveram mercados e feiras medievais. Muitos desses lugares são tradicionais pontos turísticos, e apesar de a economia atual ser baseada em outras atividades, as antigas feiras e mercados ainda são pontos de alta relevância histórica.
Um estudo completo das feiras e mercados medievais na Inglaterra pode ser encontrado aqui. Mas caso você não goste tanto de tabelas e prefira conhecer algumas cidades históricas que você possa visitar na sua próxima viagem, este link é o ideal, com várias cidades cujo turismo está ligado de alguma forma à história das cidades e suas feiras e mercados.
Feiras medievais na Europa Continental
As feiras medievais, tanto no continente europeu como na Grã-Bretanha, eram realizadas nos burgos (pequenos centros urbanos que cresciam em torno dos castelos feudais). As feiras e mercados populares fizeram parte do renascimento comercial e urbano da baixa Idade média.
As mais importantes feiras do continente ficavam nas regiões da Champanha, na França, nas regiões de Gênova e Veneza, na atual Itália, e em Flandres, onde atualmente está a Bélgica.
No início, as feiras eram atividades comerciais locais baseadas no excedente da produção agrícola dos feudos da região.
Com o passar dos anos e maior fluxo de comércio e trânsito de mercadores vindos da ásia pelo caminho da seda, elas se tornaram grandes centros de negócios e comércio, servindo não apenas para compra e venda de produtos mas também para troca de moedas e criação de pequenos serviços e atividades de manufatura.
Os produtos comercializados eram de diferentes regiões da Europa, África e Ásia. Eram dos mais variados, indo desde de caras especiarias trazidas da Ásia até produtos básicos para subsistência dos moradores do burgo.
A feira de Flandres
A feira de Flandres cresceu e se tornou a mais importante do norte da Europa a partir do declínio da concorrente francesa de Champagne. Foi o principal núcleo comercial do Mar do Norte e do Mar Báltico após a queda de Champagne, tendo por base duas cidades principais: Antuérpia e Bruges.
A feira de Champanha
O sucesso da feira de Champanha(ou Champagne) está ligado a vários fatores, entre eles a localização estratégica, bem no centro da Europa. Foi um das regiões de feiras de mais longa duração devido à proteção fornecida por senhores feudais da região.
As feiras Italianas
Se por um lado a França e a Holanda dominaram o comércio no Mar do Norte e Báltico, o Mediterrâneo e o comércio direto com os mercadores de especiarias do oriente era dominado pelos italianos de Veneza e Gênova. Estas cidades estado enriqueceram muito com o comércio e o estabelecimento de entrepostos de produtos internacionais.
Esse foi inclusive um fator importante para o surgimento do Renascimento, um dos movimentos culturais e artísticos mais importantes da Europa. Muitas das famílias que enriqueceram com o comércio se transformaram em patronas das artes e de artistas como Michelangelo e Leonardo da Vinci.
Uma curiosidade é que o desenvolvimento das atividades comerciais nas feiras foi um passo essencial para que a moeda cunhada em metal passasse a servir como base de troca. Até então, o escambo ainda era muito forte e apenas no final da Idade Média com as feiras é que as moedas de metal voltaram a ser referência para compra e venda de mercadorias.
E aí, gostou de conhecer algumas das feiras medievais da Inglaterra e da Europa?
Feiras e mercados em Londres
Se você tem viagem marcada para Londres, pode explorar, de perto, as feiras e mercados da capital britânica, que são atrações gratuitas e irresistíveis da cidade.
Feiras de Camden Town
Camden Town é um grande mercado (exótico) a céu aberto. Trata-se do aglomerado mais esquisito e divertido de pessoas que você já viu. Aqui você encontra de tudo: desde roupas militares a adereços góticos, passando por souvenirs tradicionais e antiguidades.
Portobello Market
O mercado de Portobello Road é a feirinha de Notting Hill, aquele bairro charmoso do filme homônimo com Hugh Grant e Julia Roberts. O passeio aqui é belo e vale não apenas pelas mercadorias (roupas, antiguidades e muito mais), mas também pelo colorido das casinhas que você verá pelo caminho.
Borough Market
O Borough Market é um tradicional mercado de comidas em Londres. Vale muuuito a pena investigar, com o nariz, os olhos e os ouvidos, todos os aromas, todas as cores e todos os sons desse lugar cheio de vida, queijos e delícias doces e salgadas.