Sherlock Holmes é um dos grandes personagens de Londres.
E por aqui, você pode matar a saudade do detetivo mais famoso da história visitando a sua casa!
Digo, o museu que recria a sua residência em 221b, em Baker Street 🙂
Criado há 130 anos por Arthur Conan Doyle, o detetive segue tão vivo no imaginário popular, que ainda recebe cartas em sua residência, como se fosse uma pessoa de verdade, e não fruto da mente arguta de um escritor.
Depois das primeiras aventuras nos livros e revistas, Holmes expandiu sua atuação para o cinema e para a televisão, onde desvendou ainda mais mistérios e amealhou ainda mais fãs.
Nos últimos anos, conquistou as novas gerações com o filme Sherlock Holmes, estrelado por Robert Downey Jr., e com a série Sherlock, com Benedict Cumberbatch.
Para o leitor que viaja para Londres, há uma atração imperdível em Baker Street.
E no fim do post, descubra 9 curiosidades que rondam a criação de Sherlock Holmes.
Sherlock Holmes, um personagem de Londres
É engraçado que uma cidade como Londres tenha uma figura fictícia como um de seus personagens mais conhecidos.
Ainda hoje, carteiros britânicos lidam com mensagens destinadas a 221b Baker Street, onde residia Sherlock Holmes.
Só que esse endereço nunca existiu de fato. O lar do detetive e de seu companheiro Dr. John Watson surgiu no fim do século 19 na literatura e, desde então, povoa o imaginário de seus leitores.
Quando as primeiras histórias foram publicadas, os endereços na Baker Street não chegavam ao número 221.
Mais tarde, porém, a rua se expandiu.
Em 1932, a Abbey National Building Society se mudou para o endereço 219-229 Baker Street.
Por muitos anos, a sociedade manteve uma secretária para responder às cartas para o detetive.
Em 1990, a tradicional placa azul, que registra a ligação entre lugares em Londres e pessoas ou eventos famosos, foi instalada no Sherlock Holmes Museum, 237-241 Baker Street, onde há uma réplica da residência do detetive.
Museu de Sherlock Holmes em Londres
O Museu de Sherlock Holmes é a principal atração para os fãs do detetive na capital britânica. Ele recria com perfeição a residência em Baker Street e reúne objetos que contam histórias do personagem de Conan Doyle.
E quando você entra lá, é como se visse uma cena dos livros tomando vida.
De sua poltrona na 221b de Baker Street, com o violino no colo, Sherlock Holmes escuta a narrativa de seu interlocutor , tira o cachimbo da boca e afirma: “É elementar, meu caro Watson”.
Mas, antes que o detetive possa elucidar a questão, ouve-se uma batida na porta. Não se trata de policial, suspeito ou alguém em necessidade dos serviços de Holmes, mas um turista apaixonado pela criação de Sir Arthur Conan Doyle.
O Dr. Watson recebe os visitantes e lhes apresenta a residência.
Com exceção do detetive mais famoso da literatura, está tudo lá: o violino, o cachimbo, a poltrona, a lareira, os livros, os tubos de ensaio e todo o universo residencial de um personagem que fez da lógica sua maior arma.
É como se, por alguns instantes, a razão se perdesse, e a história ganhasse vida. Seja bem-vindo ao Museu de Sherlock Holmes em Londres.
Antes de entrar, você nota que o endereço não é bem o 221b, e sim o 237-241. Mas, dentro da casa, você percebe o trabalho bem feito de simulação da casa e escritório do detetive.
O lugar, construído em 1815, apresenta as mesmas características da residência de Sherlock Holmes, inclusive com a vista para a Baker Street a partir do estúdio.
Como visitar Sherlock Holmes em Londres
O Museu do Sherlock Holmes não é indicado para o turista médio, que deseja tirar o máximo possível de fotos durante sua estada. O museu se destina especificamente a fãs e leitores das aventuras do detetive.
Muitos dos objetos da casa fazem referência a determinadas histórias, e esta é uma das falhas do lugar: faltam explicações para os não iniciados, embora a equipe se prontifique sempre a tirar dúvidas.
Não há interatividade, e a visita se conclui rapidamente. Você não vai levar mais de 1 hora para ver tudo.
Uma curiosidade: o movimento no museu cresceu muito nos últimos anos, especialmente após o lançamento da série Sherlock.
Quando o visitamos pela primeira vez, em 2011, o ingresso custava 6 libras. Hoje, custa 15.
Visita ao museu
Ingressos: Adulto, 15 libras / Crianças (menores de 16), 10 libras
Horários: Diariamente, das 9h30 às 18h. Fechado no 25/12.
Endereço: 237-241 Baker Street, London
Estação do metrô: Baker Street (Circle, Hammersmith & City, Metropolitan, Jubilee e Bakerloo Lines)
Veja no mapa:
Loja do Sherlock Holmes
Ao lado do museu, há uma lojinha de souvenirs com centenas de itens relacionados a Sherlock Holmes, Watson, Conan Doyle e ao universo do detetive mais amado do planeta.
Vale a pena visitá-la, mesmo que você não vá comprar nada.
É uma pequena viagem à Londres Vitoriana e a um universo de mistérios, assassinatos e deduções.
Para vender, edições raras de livros, placas de rua de Baker Street, cachimbos e chapéus que remetem à indumentária do detetive e muito mais.
Estação Baker Street homenageia Sherlock
Para visitar o museu de Sherlock Holmes, você provavelmente vai usar o metrô.
A estação mais próxima se chama Baker Street (que surpresa), uma das mais antigas do metrô de Londres (e, consequentemente, do mundo).
Ao sair do trem, preste atenção às paredes: em algumas das plataformas, elas trazem imagens de Sherlock Holmes e seu indefectível cachimbo.
Ao deixar a estação, fique atento a esta estátua em homenagem ao detetive:
Bacana, né? Assim você já entra no clima das histórias antes mesmo de chegar ao museu 🙂
Mais Sherlock Holmes em Londres
O personagem Sherlock Holmes não está vivo apenas em Baker Street. Veja onde mais você encontra o detetive:
Consultório de Conan Doyle
Pertinho do museu, veja no mapa, na 2 Devonshire Place, está a casa onde se localizava o consultório de Conan Doyle. Você não vai poder entrar, mas vale como curiosidade.
Madame Tussauds
Aqui pertinho do museu do Sherlock, você encontra o museu de cera Madame Tussauds, que sempre tem alguma referência ao detetive.
Há estátuas de Benedict Cumberbatch, que interpreta Holmes no seriado, e Robert Downey Jr., devidamente caracterizado. Confira: Como visitar o Madame Tussauds.
Sherlock Holmes Pub
Você sabia que existe um pub temático sobre o personagem de Conan Doyle em Londres?
Sim! E não é só o nome que faz referência a Holmes. O pub é todo decorado como se fizesse parte do universo dos livros do detetive, inclusive com um minimuseu no andar de cima.
Além da decoração vitoriana, o pub conta com cervejas especiais de Sherlock e Watson. Confira: Como visitar o Sherlock Holmes Pub
Trafalgar Square
Pertinho do pub, está a principal praça de Londres, a Trafalgar Square.
Se você passar por ela vai lembrar: este é um cenário recorrente em trechos dos livros, dos filmes e das séries.
Outros locais
- Lyceum Theatre (Signo dos Quatro)
- Royal Opera House (Diversos)
- Museu Britânico (Onde Holmes pesquisava antes do Google)
- St Paul’s Cathedral (Cenas do filme de 2009)
Tour a pé
Para um tour completo pelos locais relacionados a Sherlock Holmes, recomendamos a London Walks, a mais tradicional empresa de tours a pé em Londres (em inglês).
O tour (em inglês) ocorre semanalmente, com saída da estação de Embankment (Circle, District, Bakerloo e Northern Line).
9 curiosidades sobre Sherlock Holmes
Confira abaixo alguns “fatos” sobre o detetive, de acordo com os livros originais:
1. Sherlock Holmes não sabe que a Terra revolve em torno do Sol
Em um Estudo em Vermelho, os leitores podem se assombrar com a descoberta de que Sherlock Holmes, o homem mais perspicaz do planeta, nem desconfia que é a Terra que revolve em torno do Sol, e não o contrário.
No diálogo com Watson, ele deixa claro que essa informação não altera o seu trabalho e, por isso, não é relevante.
2. Sherlock Holmes tem um QI de 190
O QI atribuído a Sherlock Holmes por Conan Doyle é de 190, marca que superaria até Einstein.
3. Sherlock Holmes nunca disse “Elementar, meu caro Watson”
Nos livros, Sherlock Holmes usa as expressões “Elementar” e “Meu caro Watson”, mas nunca as utiliza em sequência em uma frase.
Mas, desde que “Elementary, my dear Watson” foi proferida em um dos primeiros filmes do personagem, a expressão ganhou o imaginário popular e se tornou uma das marcas do detetive.
4. Já existiram muitos Sherlock Holmes
Na Inglaterra, já houve dezenas (provavelmente, centenas) de pessoas com o nome do personagem de Conan Doyle.
O site Find My Past encontra, neste momento, o registro de 176 Sherlock Holmes no último século.
5. Arthur Conan Doyle não curtia Sherlock tanto quanto os leitores
O escritor considerava Sherlock Holmes uma criação menor em seu trabalho literário e achava que o personagem lhe tirava a atenção de outras histórias.
O autor até matou o detetive no fim de Memórias de Sherlock Holmes, mas, diante de protestos irados dos fãs, teve que o ressuscitar em O Retorno de Sherlock Holmes.
6. Sherlock Holmes é o personagem mais retratado no cinema e na televisão
De acordo com o IMDB, Sherlock Holmes aparece em quase 300 filmes e seriados. And counting…
7. Sherlock Holmes foi pioneiro nas impressões digitais
Em seus métodos de investigação, Sherlock incorporou técnicas que até então não eram utilizadas pela polícia.
As impressões digitais, por exemplo, foram usadas em suas histórias em 1890, bem antes da Scotland Yard, que começou a levá-las em conta em 1901.
8. Moriarty foi inspirado em um criminoso real
Adam Worth, enterrado no cemitério de Highgate, em Londres, é considerado a inspiração máxima para o personagem Moriarty.
O americano montou uma sociedade criminosa dedicada a roubos de grande porte e ficou conhecido como Napoleão dos Crimes no século 19.
9. Sherlock Holmes foi inspirado em um professor
A inspiração para o personagem foi Joseph Bell, um médico que impressionava por suas técnicas de dedução e análise racional em sala de aula.
Livros de Sherlock Holmes
A primeira vez que Sherlock Holmes caminhou pelas ruas de Londres com capa e chapéu e utilizou a lógica para resolver casos dificílimos foi em 1887, em Um Estudo em Vermelho.
Seguiram-se 56 contos e três romances, a maioria publicada a partir de 1891 na revista Strand, a propulsora da fama do personagem.
As histórias do detetive são narradas, quase todas, pelo médico e colega de apartamento Dr. John H. Watson, que assume a tarefa de biógrafo.
Duas delas, no entanto, são contadas a partir da perspectiva de Holmes, e duas, de forma onisciente.
E por mais antigas que sejam as histórias, elas ainda servem de narrativa em produções atuais, tanto no cinema quanto na televisão.
Filmes de Sherlock Holmes
Os mistérios de Sherlock Holmes são tão instigantes, que as páginas dos livros não foram o suficiente para contá-las.
De acordo com o Guinness Book, Sherlock Holmes é o personagem mais retratado no cinema. 75 atores já o interpretaram em mais de 200 filmes.
Assistir a filmes de Sherlock Holmes pode ser uma maneira interessante de ver reproduções da bela Londres Vitoriana.
Um dos longas com o personagem, contudo, estrelando Robert Downey Jr. e Jude Law, pode oferecer algum contraste para o leitor habituado a um detetive amparado em métodos científicos e pouco afeito ao embate físico.
Em 2015, Sr Sherlock Holmes, um filme menos popular, com Ian Mckellen, conta os desafios do detetive ao se preparar para a aposentadoria.
Séries de Sherlock Holmes
Na televisão, a série Sherlock, da BBC, lançada em 2010, com Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, reimagina as histórias do detetive na Londres atual.
O êxito do seriado levou os criadores a novas temporadas e novas aventuras, todas com grande sucesso e audiência.
Outra série sobre o detetive, Elementary, além de adaptar a trama para a atualidade, desenvolve-se em Nova York e apresenta Watson como uma personagem mulher.
Atores que já interpretaram Sherlock
Separamos algumas das principais incursões dos personagens no cinema e um bônus com a recente participação deles na TV. Confira:
Elementar, meu caro Watson
Ao contrário do que se imagina, a frase “Elementary, my dear Watson” ( “Elementar, meu caro Watson”) nunca foi proferida por Holmes nas 60 histórias criadas por Sir Arthur Conan Doyle.
Após suas deduções baseadas na lógica, o detetive costuma exclamar “Elementar” diante de um incrédulo Watson.
Ele também chama o amigo de “My dear Watson” (“Meu caro Watson”) com frequência.
Mas nunca utiliza os dois fragmentos na mesma frase. Essa invenção pode ser creditada ao filme The Return of Sherlock Holmes, de 1929.
Como era a Londres de Sherlock Holmes
Os mistérios, as investigações e peregrinações de Holmes se situam na fase final da Londres Vitoriana.
Mais precisamente, entre as andanças frenéticas de Charles Dickens e a matança promovida por Jack, o Estripador.
Presume-se que o detetive tenha nascido em 1854. O Palácio de Westminster, destruído por um incêndio, estava sendo reconstruído, e a Tower Bridge nem existia ainda. Pelas ruas, circulavam os primeiros automóveis. As vias eram escuras, amparadas apenas por luminárias a gás.
Os automóveis ainda eram uma novidade assustadora.
Por isso, a Lei da Bandeira Vermelha, de 1865, obrigava que, à frente de todo automóvel em locomoção, houvesse um homem tremulando uma bandeira vermelha durante o dia e uma lanterna acesa durante a noite, a fim de alertar a todos da máquina letal que se aproximava.
Além da sinalização, os carros tinham de se submeter ao limite de velocidade: 2 milhas por hora (aproximadamente 3,2 km/h).
Mas havia muitas outras novidades à época, pois o império britânico era a maior potência do mundo. A Inglaterra entrava na segunda Revolução Industrial.
E Londres era a capital dessa combustão econômica e mecanicista. A população da cidade, a maior do mundo, passou de 1 milhão em 1800 para 6,7 milhões em 1900.
Devido principalmente à densidade populacional à época, o biógrafo de Dickens, Peter Ackroyd, aponta:
“Se uma pessoa do fim do século 20 se encontrasse subitamente em uma taverna daquele período, ela ficaria literalmente doente – doente pelos cheiros, doente pela comida, doente com a atmosfera ao seu redor”.
Nessa época, o departamento de investigação da Metropolitan Police, a Scotland Yard, ainda engatinhava.
Por isso, faz sentido que um detetive arguto tivesse de auxiliar a Scotland Yard e o inspetor Lestrade.
A ciência forense era incipiente: não se faziam exames de DNA, não se tiravam impressões digitais (papiloscopia) e se acreditava em superstições diversas, como fotografar os olhos das vítimas para descobrir as últimas cenas vistas por elas.
E você, já visitou o museu de Sherlock Holmes em Londres? Curtiu conhecer um pouco mais sobre o personagem e as histórias de Conan Doyle? Deixe um comentário!