A saída da Inglaterra da União Europeia foi votada em 2016, em um processo conhecido como Brexit, e determinada por 51,9% dos eleitores. Com a decisão, os ingleses e demais países pertencentes ao Reino Unido deixarão o bloco europeu para, em tese, retomar a própria identidade, a soberania política e econômica locais.
A saída da Inglaterra da União Europeia (UE), como uma das maiores potências do continente, é uma resposta à influência sobre o modo de vida e no cotidiano do povo britânico.
Além dos ingleses, escoceses, galeses e norte-irlandeses também estão sujeitos às novas políticas fora do bloco europeu. Mas o que esse movimento do Brexit representa e quais são suas demandas?
Brexit e a saída da Inglaterra da União Europeia
Em 1973, o Reino Unido se juntou à comunidade europeia, doze anos após o pedido inicial. À época, acreditava-se que os britânicos poderiam se beneficiar do mercado aberto entre nações do continente. Em 1975, o povo votou pela permanência no bloco e, anos mais tarde, em 1992, foi um dos fundadores da UE como conhecemos hoje. Desde então, o Reino Unido é o único membro a ter deixado o grupo na história.
Entretanto, ao longo dos anos 2000, um movimento conservador ganhou força dentro da sociedade britânica. Entre os pontos mais críticos observados como prejudiciais pela corrente, estão a abertura de fronteiras para negociações e troca de mercadorias e o livre trânsito sem necessidade de passaporte pelos países pertencentes à UE. A imigração se tornou um tema ferrenho de debate no país.
Outros argumentos constantes em defesa à saída da Inglaterra da União Europeia giram em torno da segurança interna do país, de uma retomada da identidade nacional e um descontentamento com a burocracia imposta pela sede da UE, em Bruxelas.
O Brexit, que é uma medida visando tirar o Reino Unido da UE, representa uma oposição ao projeto continental e foi defendido especialmente por partidos conservadores e nacionalistas na Inglaterra como o Ukip, liderado por Nigel Farage.
Imediatamente após a votação pelo Brexit, a libra, moeda do Reino Unido, sofreu uma desvalorização. Entretanto, a queda na cotação impulsionou gastos de turistas na região, no último trimestre de 2016, o que representou certa esperança para os próximos anos.
O que significa a ruptura do Reino Unido com a União Europeia
Segundo os apoiadores do Brexit, a Inglaterra seria suficientemente forte no campo econômico, mesmo fora da UE. Afinal de contas, o país exporta muitos bens para outras nações do bloco, como a França. Pesa também o fato do Reino Unido não aceitar mais se sujeitar às políticas de austeridade impostas pela UE. Para tal, os britânicos terão de pagar uma espécie de fatura para deixar o grupo: ao menos 40 bilhões de euros.
A análise feita pelo Tesouro britânico sobre a projeção financeira pós-Brexit é devastadora: o PIB inglês deverá cair 6% até 2030 e as contas públicas devem ser negativamente impactadas pelo rombo nos cofres após a saída. Esse montante seria recuperado apenas com uma política radical de impostos, sem falar em outros cortes nos principais serviços públicos oferecidos.
Atualmente, metade das exportações de Londres sai para países pertencentes ao bloco europeu, o que pode ser colocado em xeque caso haja uma situação de embargo aos produtos ingleses.
Em 2016, às vésperas da votação que consolidou o Brexit, a empresa de consultoria financeira Global Counsel emitiu um parecer sobre a possível perda de poder global da Inglaterra e que o plebiscito poderia culminar em escassez em parcerias comerciais. Além disso, os movimentos nacionalistas que fortaleceram o Brexit podem influenciar outros países em que o populismo e o separatismo são discutidos.
Reino Unido – até quando?
Na Escócia e na Irlanda do Norte, o número de votos pela permanência na União Europeia foi maior do que os que pediam pela saída do bloco. Entretanto a maioria, localizada principalmente na Inglaterra, por margem mínima, decidiu também a vida dos demais países britânicos.
Os escoceses viveram em 2014 uma votação crucial para os rumos do país. Na ocasião, os cidadãos votaram pela saída do Reino Unido, mas o resultado acabou sendo favorável à permanência. No caso do Brexit, 62% dos escoceses votaram contra a saída da Inglaterra da União Europeia. Essa diferença pode reacender o sentimento de separatismo na região, algo que já está sendo discutido pelo Partido Verde, que visa a continuação da Escócia no bloco continental em longo prazo.
Os norte-irlandeses também tiveram maioria contra o Brexit, com número similar ao dos escoceses. Os 62,9% de votantes pretendiam continuar entre as nações do grupo europeu. O partido nacionalista Sinn Féin se posicionou de maneira radical a respeito do Brexit, alegando que o governo britânico não representa mais autoridade sob os interesses da Irlanda do Norte em qualquer ramo. A tendência é que o movimento separatista dos norte-irlandeses também tome forma em futuro próximo.
Uma questão bastante discutida recentemente no Reino Unido é das fronteiras. Em dezembro de 2017, um fracasso no acordo pelo Brexit se deu em virtude de uma divergência entre ingleses e norte-irlandeses.
Londres propunha que a fronteira entre as Irlandas representasse o limite entre Reino Unido e União Europeia, já que a República da Irlanda faz parte do grupo. Porém, a Irlanda do Norte se recusou a assinar o acordo, temendo que houvesse exceção no regime em relação ao Reino Unido.
E você, o que achou do processo de saída da Inglaterra da União Europeia e do futuro incerto do Reino (ainda) Unido? Comente.