* Por Vania Gay
A aréa de Mayfair, no centro da City of Westminster, localizada entre Oxford Street (no norte) e Piccadilly (no sul), Park Lane no oeste e Regent Street, no leste, foi e ainda é o playground aristocrático de Londres nos últimos 300 anos. É a personificação da riqueza de Londres, sendo uma das áreas mais elegantes da cidade. É onde se encontram famosos hotéis de luxo, galerias de arte, casas de leilão e lojas exclusivas, muitas mostrando orgulhosamente os brasões de armas, denotando que são fornecedores oficiais da família real. Também é uma área onde os investidores internacionais querem viver e investir.
O nome Mayfair tem origem numa feira que acontecia anualmente desde o ano de 1640 no primeiro dia de maio (May), durando aproximadamente duas semanas. Esta feira existiu por cerca de 100 anos. Inicialmente, a feira acontecia mais ao sul, próximo ao Palácio de St James, mas foi transferida para um novo local ao leste do Hyde Park Corner, no reinado dos Stuarts. No início do século dezoito, Queen Anne suprimiu as festividades considerando-as de má reputação, mas a feira foi reavivada mais uma vez, no início da era Georgiana.
The May Fair, a Feira de Maio, que deu o nome a esta área, costumava realizar-se numa grande área (13 hectares) de terreno baldio. Originalmente, os três primeiros dias da feira eram dedicados à venda de gado, e os animais trazidos à feira vinham da periferia de Londres. Com o passar do tempo, se tornou uma desculpa para os cidadãos londrinos fazer algazarra, folia e festa, muitas vezes atraindo a ralé da cidade. As ruas eram cheias de barracas que ofereciam vários tipos de shows, tais como marionetes, luta livre e dança, onde músicos e violinistas se misturavam nas multidões. O tamanho e popularidade da feira e o povaréu que terminou atraindo resultara uma reputação ruim, com cenas de embriaguez, prostituição, jogos e libidinagem (cenas familiares?). Na era Georgiana, dançarinos escoceses eram uma atração adicional. Porém os dias da feira estavam contados e por meados do século dezoito, a feira cessou.
O desenvolvimento da área chegou no século 18, principalmente pela família multimilionária Grosvenor (posteriormente Dukes of Westminster). Novas construções foram surgindo nos campos e em terrenos baldios, ocupando os espaços deixados pelo término da feira. A área tornou-se, gradualmente, a mistura de lojas, pubs e casas que vemos agora.
Shepherd Market (em português, “Mercado do Pastor”) é uma das aldeias escondidas de Londres, no coração de Mayfair. É gerenciada como parte do Grosvenor Estate, que procura manter a atmosfera local, apoiando empresas de pequeno porte, como farmácias e açougues. A área foi construída em 1730, por Edward Shepherd (arquiteto e construtor, que projetou muitas das casas Mayfair, além de ser o principal designer de Grosvenor Square).
Ele construiu o mercado para os moradores de Piccadilly e Mayfair nas proximidades do local onde a anual Feira de Maio teve lugar. Argumentou que, embora os residentes locais pudessem comprar seus itens de luxo em Bond Street e Piccadilly, eles ainda precisavam de locais para comprar as necessidades do cotidiano, tais como pão, leite e carne.
Toda a área, ainda hoje, mantém o modelo original com um labirinto de ruas estreitas, pequenos pubs e moradias, apesar de ter sido fortemente bombardeada em maio de 1941, quando grande parte foi totalmente destruída. Atualmente, ocupam este espaço boutiques, restaurantes e lanchonetes servindo comida ao ar livre, os quais dão um clima mediterrâneo ao local.
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Durante muitos anos, era conhecido por ser um dos red-light distritos de Londres. Uma das prostitutas mais conhecidas que trabalharam na área ao redor de 1980 foi Monica Coghlan. Ela manteve relações sexuais com o famoso Lord Archer, vice-presidente do Partido Conservador e foi filmada por um jornal recebendo £2.000 em notas de £ 50 de um amigo dele “para fundos de viagem”. Archer declarou que a história era mentira e processou o jornal. Mais tarde, no entanto, verificou-se que ele mentiu e foi preso por perjúrio. Monica defendeu seu trabalho como garota de programa dizendo: “metade do tempo é o que mantém os casamentos juntos”. Este “serviço social” ainda é praticado nesta área.
Portanto, embora o local se chame Mercado do Pastor e tenha até um sinal de um cordeiro em um dos prédios na área central, não há nenhuma relação com ovelhas. A área simplesmente dedica o nome ao seu arquiteto. Não deixe de visitar quando estiver em Mayfair.
A autora deste artigo, Vania Gay, é uma Guia de Westminster. Ela oferece passeios a pé em Londres para quem deseja um tour com dicas especiais de uma quase nativa e toques interessantes sobre a história dos locais visitados.