10 razões para se apaixonar pela Burberry

Você já deve até ter ouvido falar na Burberry. Mas aposto que ainda não teve a oportunidade de ser devidamente apresentado à tradicional marca britânica. Então, vem comigo que eu vou fazer as honras da casa.

A Burberry é a marca de luxo inglesa mais pop nas redes sociais. Em 2017, a brand superou os 10 milhões de seguidores e atingiu o topo no ranking da Iconosquare, uma ferramenta de análise de curtidas e comentários.

Depois da Burberry, vieram Topshop, com mais de 9 milhões de seguidores, Jimmy Choo (7 milhões), Asos (6,6 milhões), Alexander McQueen (5,3 milhões) e Stella McCartney (4,5 milhões).

A label britânica não é apenas uma das mais famosas e luxuosas grifes de moda do mundo, mas um patrimônio do Reino Unido.

Só para você ter uma ideia, a Burberry tem três Royal Warrant. Os títulos foram concedidos em reconhecimento aos serviços prestados à Família Real.

Mesmo com tantas honrarias, ela não fica imune às manifestações de ativistas que protestam contra o uso de peles animais. Na edição de 2017 da London Fashion Week, a polícia teve que ser acionada para conter a desordem.  

O “britanismo” das campanhas da Burberry em xeque

Outro ponto nevrálgico, e também um alvo certeiro para os críticos de plantão, é o uso do “british pride” nas campanhas globais da Burberry.

Entenda o porquê:

  • Quando a grife anunciou uma estrondosa queda de 5% em suas ações, a jornalista e escritora Carole Cadwalladr soltou o verbo em um artigo para o  The Guardian. Isso foi em 2012, mas ilustra bem a questão.
  • Em “A hipocrisia do apelo “Made in Britain” da Burberry”, a jornalista perguntou: “Como uma “marca de luxo” tem a audácia de explorar o seu orgulho britânico quando a maioria das suas roupas são feitas no exterior?”.  A velha e saudável ironia britânica.
  • Em tempo: desde a globalização restaram apenas duas pequenas fábricas na terra da Rainha. Uma em Castleford, onde são fabricados os casacos impermeáveis e a outra, menor, em Keighley. Ambas estão localizadas na região de West Yorkshire .

Julgamentos e controvérsias à parte, a Burberry mantém, lépida e faceira, o status de capital da coroa britânica.

Acha essa distinção um exagero? Pois neste post selecionamos 10 boas razões para você descobrir um pouco da história dessa icônica marca de luxo.

1.  Burberry e a invenção do gabardine

Burberry
Thomas Burberry, o criador da gabardine e fundador da marca. Foto: Domínio público

Era uma vez, no longínquo ano de 1856, um jovem inglês chamado Thomas Burberry. Ao longo dos anos ele transformou-se, de dedicado aprendiz de negociante de panos, em  inventor e empreendedor dos mais visionários.

Alguns pontos altos na trajetória de Thomas:

  • Aos 21 anos ele abriu o seu próprio negócio. Era uma loja especializada em casacos, localizada em Basingstoke, a maior cidade de Hampshire.
  • Aos 44 anos, em 1879, Thomas inventou o tecido gabardine.  A inspiração veio das roupas de linho dos pastores e fazendeiros ingleses. Daí ele criou uma peça feita de um tecido têxtil de lã, pra lá de especial na época. Tão especial que existe até hoje.
  • O material era resistente, à prova-de-água e respirável. A técnica revolucionária do tecido impermeabilizado foi patenteada por Thomas, em 1888.
  • A primeira loja Burberry foi inaugurada em 1891, na 30 Haymarket, em Londres, com o nome Thomas Burberry & Sons. A rua fica na área de St. James, na City of Westminster.
  • Em 1901 foi criado o logotipo e marca da empresa, o Cavaleiro Equestre (Equestrian Knight Device). Detalhe: o cavaleiro carrega nas mãos um estandarte com a inscrição da palavra em Latim “Prorsum”. Ela significa “adiante”, “para frente”. Nada mais apropriado à história da grife. E é isso que você vai poder conferir ao longo deste artigo.
  • Em 1912, Thomas patenteou o casaco gabardine de Tielocken (apelidado de “Burberry”). Reza a lenda que Eduardo VII  costumava instruir os seus criados assim: “Tragam-me o meu Burberry !”, daí o apelido. O Tielocken não tinha botões e fechava com um cinto.
  • O ano de 1955 teve dois momentos importantes: A Rainha Elizabeth II  concedeu o primeiro dos três Royal Warrant (citado no começo deste artigo) à Burberry. Nesse mesmo ano a empresa foi adquirida pelo grupo GUS (Great Universal Stores). Por quase um século ela foi uma companhia independente, controlada pela família de Thomas.

2. Burberry vai à Guerra

Burberry
A Burberry vestiu os oficiais britânicos durante a 1ª Guerra Mundial. Fotos: Wikicommons

Lembra do casaco de gabardine Tielocken, patenteado por Thomas? Talvez ele seja o “pai” do trench coat, mas há controvérsias. São muitas as teorias sobre a origem dessa icônica peça do vestuário.

Os historiadores de moda afirmam que ele remonta a meados dos anos 1800. Mas se você está se perguntando “Afinal, quem inventou o trench coat? ”, a resposta é…ninguém. Ficou surpreso?

Acontece que o trench coat não foi inventado. Ele é produto de uma época e evoluiu através dos tempos. “O trench coat é o resultado da inovação científica, da tecnologia e da produção em massa”, explica Jane Tynan, em uma entrevista publicada na Smithsonian Magazine, site do Instituto Smithsonian.

Jane sabe do que está falando. Ela é professora em História do Design na Central Saint Martins, University of the Arts London, uma das mais conceituadas do mundo.

É, também, autora do livro British Army Uniform and the First World War: Men in Khaki (Uniforme do Exército Britânico e a Primeira Guerra Mundial: Homens em Cáqui, em tradução livre).

De onde veio a inspiração para o nome trench coat?

Mas se a origem remonta ao século 18, o nome surgiu bem depois, no início do século 20, durante a Primeira Guerra Mundial. Ele é inspirado em uma das características definidoras da Grande Guerra que foi a Guerra de Trincheiras (Trench Warfare).

Nesse tipo de combate, os soldados abrem trincheiras profundas no chão para atacar e se defender. Para lutar em trincheira, os militares precisavam de um uniforme mais leve, mais curto, resistente e impermeável.

Daí que…

  • Em 1914, a pedido do Departamento de Guerra britânico, a Burberry incrementou o modelo do seu casaco. A roupa era bastante durável e versátil. A argola em D do cinto acomodava os equipamentos e supria as necessidades dos militares. As dragonas representavam a hierarquia militar.
  • O sucesso foi tanto que os exércitos da Europa Ocidental, Estados Unidos e União Soviética copiaram o modelo.
  • Terminada a Grande Guerra, o casaco caiu na simpatia dos civis, homens e mulheres. Sem falar que houve um enorme excedente do vestuário comprado pelo governo da Grã-Bretanha. Então ele foi distribuído à população.
  • Na década de 1940, durante a 2ª Guerra Mundial, a Burberry voltou a abastecer o Exército Britânico. Dessa vez a divisão feminina também foi equipada com o vestuário militar que incluía acessórios, além do próprio trench coat.

3 – Burberry X Aquascutum: a batalha dos trench

Burberry
O escocês Macintosh, inventor do casaco emborrachado Mackintosh. Ilustrações: Wikicommons

Sabe a tal controvérsia mencionada ali em cima? Pois chegamos a ela.

Há décadas as duas centenárias marcas britânicas, Burberry e Aquascutum, disputam a paternidade do trench coat.

Entenda alguns pontos importantes sobre essa rivalidade:

  • John Emary, o fundador da Aquascutum, também desenvolveu uma lã especial à prova-de-água. Ele a batizou de waterproof.
  • O material foi patenteado em 1851, ou seja, cerca de 37 anos antes do gabardine de Thomas.
  • O material também foi usado para confeccionar os trench coats dos oficiais britânicos. Sim, a Aquascutum forneceu vestuário para a guerra, digo, guerras. Primeiramente para a Guerra da Crimeia e depois para as e 2ª Guerras Mundiais.

Para esquentar ainda mais essa história sobre a “genealogia” do trench coat, entra em cena um terceiro personagem: o químico escocês Charles Macintosh (ilustração acima).

Em 1823, portanto bem antes de Burberry e Emary, o químico inventou um casaco emborrachado (dizem que exalava um odor pavoroso) batizado de Mackintosh.

Curiosidade: No Reino Unido a palavra “trench” é muitas vezes referida como “macintosh” que, por sua vez, é um termo genérico para “raincoat” (capa de chuva).

4 –  Burberry no cinema, mas nem sempre

Burberry
O icônico trench coat ajudou a caracterizar personagens de filmes clássicos. Fotos: Wikicommons

Foi nas telas do cinema que o trench coat ganhou status de “objeto do desejo”. Na época não importava, necessariamente, o nome da grife que estampava na etiqueta costurada no forro do casaco do ator ou da atriz.  Isso tudo veio depois, com o marketing de moda.

Talvez um dos momentos mais icônicos do trench coat Burberry no cinema tenha sido a cena romântica e “aquática” de Audrey Hepburn e George Peppard (foto colorida acima, ao centro) no clássico Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961).

O premiado filme, uma adaptação da obra de Truman Capote, impulsionou a mudança na moda feminina, garantem os pesquisadores.

Aqui, um dado importante:

Muito embora o trench Burberry tenha feito parte do figurino de diversos clássicos da cinematografia, nem todos os trenchs carregavam a etiqueta da grife.

Mesmo assim, durante décadas, as editoras de moda (e a própria Burberry, como você vai ver em seguida)) cometeram (algumas ainda cometem) um equívoco. Que foi o de dar o crédito para o trench Burberry como protagonista absoluto no figurino de obras primas do cinema, em  matérias e editoriais de moda.

Curioso para conhecer alguns destes clássicos enganos?

  • Humphrey Bogart (foto no alto, em p&b, à direita): Sim, ele vestiu e eternizou o trench no papel de Rick Blaine, no oscarizado clássico romântico Casablanca (1942). E também antes, na pele do detetive Sam Spade, no filme noir O Falcão Maltês (1941). Mas a verdade é que ele usava Aquascutum (mais sobre a Aquascutum em seguida).

Rapidinho: A comprovação veio em 2016, após disputa judicial nos tribunais norte-americanos. A ação buscava ressarcimento milionário por uso indevido da imagem do ator nas plataformas sociais da Burberry. Stephen Bogart, filho do ator, alegou ainda que o trench que Bogart usava era da marca Aquascutum.  

Moral da história: Após ganhar a ação, Stephen fechou um contrato com a Aquascutum. Por sua vez a marca lançou um modelo inspirado no ator. “É bem sabido que meu pai era um fiel cliente Aquascutum em sua vida pessoal”, reforçou Stephen ao tabloide Daily Mail.

  • Peter Sellers: o eterno inspetor Clouseau, em The Pink Panther (1963) vestiu Aquascutum.
  • Cary Grant (foto colorida acima, à direita): o ator vestiu Aquascutum em Charade (1963). Audrey Hepburn, o seu par romântico no filme, também vestiu um trench coat em algumas cenas do filme. Seria Aquascutum ou Burberry? O que você acha?   

Curiosidade: A primeira atriz a vestir um trench coat em Hollywood foi a eternamente cult Greta Garbo. Está lá, no todo poderoso Women’s Wear Daily, jornal considerado a “bíblia da moda”.

No papel de uma londrina, Garbo aparece vestindo um casaco trench no filme mudo americano A Woman of Affairs (Mulher de Brio, no Brasil e em Portugal), ao lado do ator John Gilbert (foto acima, em p&b, à esquerda).

Não consegui descobrir qual foi a  grife pioneira a estrear com a sueca Greta Garbo nas telas do cinema. Você arrisca algum palpite?

5. Burberry e a reinvenção do Tartan

Burberry
O “xadrez Burberry”  faz parte da identidade da grife. Foto: Lars Plougmann, CC BY- SA 2.0

Você já ouviu falar no tartã ou tartan?

É aquela padronagem quadriculada de origem escocesa. Ela é impressa tradicionalmente em tecido de lã e faz parte da cultura do Reino Unido. Ao longo das décadas, tornou-se marca registrada da grife e ficou popularmente conhecida como o “xadrez Burberry”.

Algumas curiosidades sobre ele:

  • O “xadrez Burberry” foi criado em 1920 e usado como forro nos trench coats. Em 1924 a marca  patenteou o tartan.
  • Bege, branco, preto e vermelho eram as cores originais. Atualmente há 8 variações do original e cada uma tem um nome próprio.
  • Com isso, a padronagem ganhou as mais variadas cores, impressa nos mais variados itens, como roupas, malas, armações de óculos, echarpes, cachecóis, lenços, sapatos, bonés, guarda-chuvas, passando por bolsas, embalagens e frascos das envolventes fragrâncias Burberry, carteiras e mochilas.

A popularidade do tartan já deu muita dor de cabeça à marca.

Burberry e o estereótipo chav

Num passado distante, mas nem tanto assim, por volta do final da década de 1990 e início dos anos 2000, a Burberry teve a sua imagem associada ao estereótipo chav.

No Reino Unido, esse termo pejorativo é empregado para definir jovens e adolescentes agressivos, que se envolvem em confusões. Não confundir com os hooligans. Talvez eles sejam primos, ou não.

Alguns fatos curiosos:

  • Entre os anos de 1990 e 2000, o tartan Burberry virou uma espécie de “arroz de festa” da grife. Em quase tudo o que era item, lá estava ele, marcando presença.
  • Rapidinho surgiram no mercado os produtos falsificados. Produtos esses usados pelos “chav”.
  • Vale lembrar que o guarda roupa de um “chav” é montado com roupas de grife, embora muitas vezes eles estejam desempregados ou tenham baixos salários.
  • Em função de alguns episódios até bizarros, a Burberry virou piada nos tabloides britânicos.
  • Pubs e clubs ingleses proibiram a entrada de pessoas vestindo a marca, fosse ela legítima, ou fake. Teve até briga na porta de um desses tradicionais estabelecimentos com a expulsão dos clientes mais desavisados.
  • Não demorou muito para a Burberry tomar várias medidas estratégicas e até ações legais. Tudo para distanciar-se do estereótipo com conotação depreciativa.

6. Burberry no céu, no mar, nas montanhas e no Polo Sul

Burberry
A marca patrocinou diversos eventos históricos. Fotos e ilustrações: Wikicommons

Chegamos ao momento “aventura e adrenalina” e nele aqui temos mais certezas e menos controvérsias.

Por muitos anos a Burberry patrocinou importantes expedições polares, assim como o montanhismo e a aviação. Além de uniformes em gabardine, a marca supriu a todos participantes dessas modalidades com equipamentos como sacos, sacolas e barracas.   

Quer conhecer algumas dessas personalidades e suas principais aventuras?   

  • O explorador polar norueguês, zoologista e mais tarde ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Fridtjof Nansen (foto acima) foi o primeiro explorador polar registrado a levar a gabardine Burberry aos pólos. A aventura, batizada de Expedição Fram, aconteceu em 1893. Nansen navegou em direção ao Círculo Ártico, à bordo do famoso navio Fram. A embarcação também serviu a outras expedições, entre elas, a de Roald Amundsen, a próxima personalidade desta lista.
  • Primeiro homem a chegar ao Polo Sul, em 1911, Roald Amundsen  também era  norueguês. O seu grande inspirador foi Fridtjof Nansen. A grife desenvolveu barracas e casacos para ele e toda sua equipe.
  • Famosa Expedição Transantártica Imperial: em 1914 foi a vez de Ernest Shackleton. Ele liderou uma expedição para atravessar a Antártica, a bordo do mítico Endurance,  Embora mal sucedida, a façanha deu status de herói ao irlandês Shackleton.
  • O Everest e a famosa frase de George Mallory: o alpinista britânico também trajou Burberry durante a sua controversa expedição ao Monte Everest, em 1924. Certa vez, quando repórteres perguntaram a ele, durante uma série de conferências em Nova Iorque, por qual motivo ele queria escalar o Monte, Mallory respondeu:  “Porque ele está lá”. A frase é hoje associada a ele e ao montanhismo.

Burberry e a aviação desportiva, um capítulo à parte

Além de uniformes para a aviação, a grife patrocinou um voo histórico, em 1937.

Entre os principais pilotos e seus eventos, estão:

  • O inglês Claude Grahame-White . Ele foi a primeira pessoa a voar entre Londres e Manchester, em 1910.
  • O capitão da Royal Air Force  John William Alcock, e o tenente Arthur Whitten Brown. Eles fizeram o primeiro vôo transatlântico, sem escalas, entre St. John’s, Terra Nova, e Clifden, Connemara, na Irlanda.
  • A dupla de recordistas Arthur Clouston e Betty Kirby-Green (aka Kirby Green). A Burberry vestiu e patrocinou os pilotos, em 1937. Eles receberam o título mundial da aviação. A aeronave pilotada por eles foi rebatizada e a fuselagem recebeu a inscrição “The Burberry”. Os aviadores conquistaram o título de “os mais rápidos no vôo de Londres à Cidade do Cabo”, ida e volta.

Curiosidade: Se você curte aviação, aventura e História, esse vídeo é para você. Nele é possível ver a inscrição com o nome da Burberry na fuselagem da aeronave

7 – Acoustic Experience: sons da Burberry

7º motivo - pitpony.photography - CC BY - SA 3.0
O músico James Bay participou do projeto musical. Foto: pitpony.photography,  CC BY-SA 3.0

O Acoustic Experience, também conhecido como Acoustic Burberry, é uma das  estratégias digitais altamente integradas da marca.

Esse projeto está para além da comercialização de moda luxuosa para a elite da Grã-Bretanha. A ideia partiu do então diretor criativo Christopher Bailey, um obcecado confesso de música.

Em tempo: Bailey deixou a Burberry em fevereiro deste ano, após uma longa e frutífera parceria de 17 anos com a grife.

No canal do projeto no Youtube tem entrevistas e apresentações de bandas  emergentes e consagradas do Reino Unido.

8. A Burberry e o seu incrível filme de 3 minutos

Burberry
Domhnall Gleeson, sendo dirigido por Asif Kapadia (à esquerda, de óculos). Foto: Divulgação

A Burberry sacudiu a internet com um trailer que tem mais de 15 milhões de visualizações no Youtube. Esse acontecimento foi no Natal de 2016.

The Tale of Thomas Burberry é o nome do filme. Ele tem exatos 3 minutos e 35 segundos e foi produzido para comemorar o aniversário de 160 anos da marca.

Pelo título do filme, já dá pra imaginar que a história conta a  descoberta pioneira do seu fundador, Thomas Burberry.

A direção é de Asif Kapadia, vencedor do Oscar 2016 pelo documentário Amy. Já o roteiro é assinado por Matt Charman, indicado ao Oscar no mesmo ano por Bridge of Spies (2015).

Estão no elenco nomes como o do ator e dramaturgo irlandês Domhnall Gleeson, no papel de Thomas Burberry, Sienna Miller, Dominic West e Lily James.

9. Burberry: Millennials, tecnologia e mídias sociais

Burberry
Marca investe em ações interativas em suas plataformas. Foto: Jacek Halicki, CC BY-SA 4.0

Com o foco nos Millennials, a Burberry usa a experiência online para seduzir essa geração.

Para os Millenials  luxo é, por exemplo, a experiência interativa e não o objeto em si. Antenada com a tendência, a grife está aproximando os seus itens de luxo através de suas plataformas digitais.

Para aquecer o namoro com a Geração Y, a marca investe pesado nas suas ações digitais.

Você sabia que a Burberry foi uma das primeiras marcas a apostar em tecnologia e mídias sociais?

Algumas dessas apostas:

  • Art of the Trench. É uma plataforma de mídia social autônoma. O projeto foi criado em 2009 e se auto define como um registro vivo do trench coat. Os próprios consumidores postam suas fotos diariamente de todas as partes do mundo. Tem ainda a participação de fotógrafos convidados.
  • Apple Music da Burberry é uma parceria com a multinacional na criação de um canal curado exclusivo na Apple Music. A ideia é envolver os fãs no espaço digital. O projeto tem principalmente músicas do Burberry Acoustic Experience, (ali em cima, no ítem 4). Mas tem também músicas e vídeos de cantores do mainstream como sir Elton John.

Pelo que você pode perceber, não é à toa que a Burberry é uma das plataformas de luxo mais seguidas nas redes sociais. São mais de 50 milhões de seguidores em todas as 20 plataformas da marca.

10. O quartel-general da Burberry

Burberry
Tradição e modernidade em um mesmo espaço. Fotos: Franklin Heijnen, CC BY – SA 2.0

Chegamos ao último, mas não o menos importante, “capítulo” dessa história.

As lojas físicas da Burberry estão presentes em mais de 50 países e somam 500 estabelecimentos. Em Londres, tem pelo menos uma dúzia delas. Só no aeroporto de Heathrow há duas lojas.

O Brasil tem nove lojas ao todo. As cidades de Brasília, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Curitiba também têm uma Burberry para chamarem de suas.

A marca global desembarcou no Brasil durante o famoso boom da classe média brasileira. Dê uma olhada nesta reportagem da BBC Brasil.

Mas o quartel-general e uma das queridinhas está no coração da badalada 121 da Regent Street.

Quando você passa pela porta de entrada da loja, inaugurada em 2012, é  automaticamente catapultado para um mundo onde a inovação e a modernidade se conectam à herança e à tradição.

Além das roupas e acessórios, entre as muitas coisas bacanas que você vai encontrar lá estão:

  • Conteúdos multimídias imersivos que proporcionam uma experiência de compra muito próxima da que é feita no site da Burberry.  Há todo um aparato de última geração para o serviço de atendimento ao cliente.
  • As peças de roupas têm etiquetas RFID (Radio-Frequency Identification). Quando você fica  diante do espelho no provador da loja, é refletido um conteúdo audiovisual. As imagens mostram detalhes da roupa em situações como a passarela ou em um filme publicitário, por exemplo.
  • No primeiro piso da loja tem um telão que exibe os desfiles, as campanhas e o Acoustic Burberry mencionado lá em cima, no ítem 7.  Tem até um palco hidráulico permanente, onde rolam os eventos e performances acústicas ao vivo. Simples, assim.
  • Sem esquecer que lá tem uma café fantástico, o Thomas’ Cafe.

Curiosidade: Em contraponto à sofisticada tecnologia, no  teto da loja estão pendurados enormes e elegantes lustres. As peças, originais estilo Art Nouveau  já estavam no prédio desde a sua construção, em 1820.

Aliás, vale dizer que o prédio é tombado e protegido por lei pelo complexo sistema de tombamento do Reino Unido.  

Bora dar um rolê dentro da flagship store da Burberry?

E você, já usa Burberry ou visitou a flagship store da marca em Londres, na Regent Street? Comente.

TextoKeli Lynn Boop

Artigo anteriorReligião da Inglaterra: conheça a Igreja Anglicana
Próximo artigoRoyal Albert Hall em Londres