As armaduras medievais hoje são artigo de filmes e séries. Mas, por muito tempo, foram peças fundamentais em batalhas.
Desde os tempos do Império Romano, soldados e outros guerreiros precisavam estar protegidos para as disputas bélicas. Ao longo dos anos, surgiu a necessidade de implementar essa proteção contra armas brancas como espadas, adagas e outros objetos perfurantes.
Foi criado então o conceito de uma roupa de metal que diminuía o dano em combates. Entravam em cena as armaduras medievais, muito populares em guerras envolvendo os britânicos.
O que era uma armadura medieval
Para começar essa história, é preciso voltar um pouco mais no tempo, antes mesmo da Idade Média. Os primeiros registros de armaduras foram feitos ainda no Império Romano, em 400 a.C.
Mas os romanos (e os celtas) não se preocupavam muito com o corpo em geral: o uso mais comum era de uma espécie de rede feita de metal, couraça, bronze ou aço, chamada cota de malha que protegia o pescoço e as orelhas. O mesmo material era frequentemente utilizado para proteger o torso.
Com o tempo, as armas ficaram mais letais, e foi preciso sofisticar a proteção. No século 9, surgiram os primeiros elmos, mais sólidos e com pequenas barras de metal para proteger o osso do nariz.
Esses capacetes tiveram a sua abertura reduzida no campo de visão a cada alteração, ao ponto de que os elmos no século 15 possuíam grades que dificultavam a perfuração na região dos olhos.
Enquanto isso, a armadura usada no torso e nos ombros também evoluiu bastante. Os materiais ficavam mais resistentes, mas traziam um custo enorme: o peso, que dificultava a mobilidade dos soldados. Foi no século 14 que as armaduras medievais passaram a ser consideradas essenciais em um campo de batalha.
Àquela altura, o corpo estava bem resguardado contra flechas, adagas e espadas. Placas de metal ou aço se espalharam por todas as extremidades, por cima da cota de malha. Cabeça, tronco, braços, pernas, pés e mãos ficavam cobertos e havia poucos ou nenhum ponto exposto para ser golpeado.
Entretanto, pode-se imaginar que os guerreiros encontrassem certa dificuldade para golpear os adversários, tamanho esforço para erguer uma espada com todas as camadas de armadura por cima do corpo. Alguns iam para a batalha com escudos, tendência que vinha desde o Império Romano.
Além do modelo com placas de metal, havia também a armadura de escamas, que nada mais era um casaco com material leve utilizado por soldados e seus cavalos. Esse tipo era conhecido como catafracta e durou até o fim do Império Bizantino, no século 15.
Os ingleses produziam suas armaduras e materiais na região de Greenwich. Cada reino ou país tinha diferenças e peculiaridades na construção. Os principais mercados em armaduras medievais, no entanto, eram italianos e alemães, com desenhos exclusivos.
As composições de armadura medieval completamente fechadas ficaram em evidência por mais de 200 anos, entre os séculos 13 e o 15. Daí em diante, com a criação de armas de fogo, a disputa bélica alcançou outros patamares de destruição.
Os japoneses, assim como outros países asiáticos, desenvolveram armaduras com uma identidade visual bem distinta, criando traços que são referências da cultura oriental até os dias de hoje. Os grandes samurais faziam uso dessas tecnologias até o início da Era Moderna.
Como eram usadas as armaduras medievais
Apesar da motivação principal ser a proteção de soldados durante guerras ou conflitos específicos, existiram diversas competições locais onde eram usadas as armaduras medievais entre os séculos 12 e 16. Era uma evolução natural das grandes disputas de gladiadores no Império Romano.
Estes torneios medievais, que possuíam um código de honra próprio e reuniam competidores (essencialmente membros de famílias nobres) de diversas regiões com foco na hípica. A justa era a modalidade mais comum, envolvendo cavalos, cavaleiros e lanças de madeira, que eram apontadas em direção ao adversário.
Dois competidores saíam de uma extremidade e se encontravam no meio da arena para trocar golpes. Quem derrubasse o adversário, vencia. Esse esporte, muito popular na Idade Média, foi tema do filme “Coração de Cavaleiro”, (2001) estrelado por Heath Ledger. Na trama, o personagem de Ledger, um escudeiro, se passa por nobre para poder disputar uma competição.
Enormes públicos se juntavam nas arquibancadas para acompanhar os duelos. E embora a justa seja a mais popular e relembrada posteriormente por historiadores, outras modalidades de combate aconteciam nos torneios, como lutas homem a homem, com uso de espadas e escudos.
A História conta que uma grande tragédia se abateu sobre a família do Rei Henrique II da França, em 1559. Durante um torneio de justa, o rei foi declarado vencedor, mas exigiu uma terceira rodada.
Henrique II enfrentou Gabriel de Montgomery, chefe da guarda escocesa, mas se deu mal. Depois de ser derrotado a primeira vez, o monarca francês exigiu uma revanche e foi atingido nos olhos pela lança de Gabriel. Pequenos fragmentos de madeira perfuraram o cérebro de Henrique II, que morreu dez dias depois.
O acidente motivou uma proibição da justa em território francês. Na Inglaterra e outros países do Reino Unido, a prática durou até meados do século 17, sendo substituída por esportes equestres, mais pacíficos e sem armas, como o hipismo e o turfe.
Curiosidades sobre as armaduras medievais
Chegou a hora de conhecer algumas curiosidades sobre as armaduras medievais. Estima-se que toda a estrutura de proteção aos soldados pesava por volta de 25 quilos no século 15.
Quando havia tropas que usavam cavalos para se locomover entre as terras, os animais também eram equipados com o mesmo material dos humanos: metais, aço e cota de malha, embora as patas dos cavalos ficassem expostas e fossem alvo fácil de adversários que vinham pelo chão.
No filme de comédia “Monty Python e o Santo Graal” (1975), a história se passa em 932 d.C, contando a lenda do Rei Arthur em busca do Santo Graal. Uma cena particularmente engraçada é quando Arthur enfrenta o Cavaleiro Negro. Ambos usavam espadas e modelos ainda rudimentares de armadura, com capacetes de metal e cotas de malha.
Armaduras em Londres
Se você quer conferir essa história de perto, uma dica é visitar a Torre de Londres, que abriga uma exposição de armaduras medievais na Torre Branca (a primeira, erigida por William, o Conquistador no século 11).
Além de armaduras, espadas, armas e objetos utilizados em batalhas e duelos medievais, a Torre de Londres guarda inúmeras preciosidades para os visitantes. Uma delas são as Joias da Coroa, mantidas até hoje sob a proteção dos Beefeaters (os guardas da Torre, apelidados assim por terem o privilégio de comer carne em períodos magros, digamos).
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