O absolutismo na Inglaterra ocorreu em diferentes períodos e solidificou-se entre os séculos 15 e 17. Foi encerrado com a chegada de Guilherme de Orange (William of Orange) em 1688 e a Declaração dos Direitos (Bill of Rights), que instaurou o que seria uma monarquia parlamentar.
Esse fenômeno absolutista, que dá direitos plenos ao monarca, não se limitou apenas à Inglaterra. Diversos países da Europa experimentaram, naquele período, essa concentração de poderes em apenas um Rei ou uma Rainha.
Nessa corrente, o comandante soberano de um país detinha todas as formas de poder, de maneira independente, sem o apoio ou o contraponto de qualquer outro órgão. A Inglaterra foi uma das nações mais proeminentes nesse sentido.
O Absolutismo na Inglaterra também foi uma forma de consolidar o poder da monarquia, logo após o fim da Idade Média.
A transição política teve apoio da burguesia e os ingleses tinham em Henrique VII o seu primeiro rei absolutista, entre 1457 e 1509, quando ele morreu e deu lugar ao seu filho, Henrique VIII. O que mais você sabe sobre o absolutismo na Inglaterra? A seguir, falamos um pouco mais sobre esse momento da História.
História do Absolutismo na Inglaterra
A Inglaterra não foi o único país europeu de grande projeção que se submeteu ao absolutismo. A França e a Espanha, notórias colonizadoras, também passaram pelo processo através dos séculos.
A ideia absolutista consiste em concentrar os poderes de um país nas mãos de uma só pessoa, neste caso, a principal força de uma família real: o rei ou a rainha. Foi uma tendência entre os reis absolutistas a noção de que eles poderiam determinar quem vivia ou morria no estado. Quase sempre, as vítimas do rei eram opositores políticos ou pessoas contrárias ao regime, consideradas traidoras.
Um dos teóricos absolutistas foi Nicolau Maquiavel, autor da famosa obra “O Príncipe”, que inclusive se tornou em um adjetivo nos séculos seguintes. O termo “maquiavélico” reflete uma pessoa calculista e que faz de tudo para alcançar seus objetivos e atender seus próprios interesses, com má fé, mentiras e outras posturas recrimináveis.
Em suma, os fins justificam os meios, uma forma de pensamento que atraía muitos simpatizantes absolutistas. Maquiavel, que viveu entre 1469 e 1527, foi crucial para que o sistema se tornasse popular no continente.
Também era comum que os reis fizessem seu povo acreditar que Deus havia dado apenas a eles, pertencentes à coroa, a prerrogativa e a iluminação de comandar um país sem jamais serem questionados, com pleno direito de oprimir e assassinar qualquer cidadão. Além disso, o trono era considerado uma divindade. Um rei mandava, e todo o resto da população obedecia.
A monarquia, nesse quesito, ascendeu em virtude de uma tendência ao Estado Nacional, que buscava fortalecer raízes e questões nacionalistas. No entanto, os reis decidiam tudo em nome da nação, à revelia do povo e da própria nobreza. O absolutismo na Inglaterra diminuiu a força e as decisões do parlamento para ser encarada como a única verdade e a figura da lei.
Outra faceta do absolutismo na Inglaterra era a subordinação da Igreja Católica, que havia rompido relações com o Estado e se viu desprestigiada com a criação do Anglicanismo.
Reis absolutistas da Inglaterra
Estabelecido o absolutismo durante o reinado de Henrique VII, morto em 1509, o seu herdeiro, Henrique VIII, deu sequência ao legado deixado pelo pai. Os dois pertenciam à Dinastia Tudor, que conquistaram o trono da Inglaterra após a Guerra das Rosas.
O conflito opôs as casas de Lancaster e York, que eventualmente se uniram com o casamento entre Henrique VII e Isabel I. A ideia de Henrique VII, que ascendeu ao trono depois de assassinar o rei Ricardo III, era fragilizar a nobreza e isolar a monarquia como grande força nacional.
Os Tudor permaneceram no comando até 1603, quando a Casa de Stuart alcançou status superior perante as demais. Ao longo destes quase 100 anos entre a coroação de Henrique VIII e Jaime I da Inglaterra, estiveram na posição de rei/rainha os seguintes monarcas: Eduardo VI, Joana Grey (apenas por nove dias), Maria I, Filipe II (que se casou com Maria I) e Isabel I.
A monarca que durou mais tempo no comando do Estado foi justamente Isabel I, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, entre 1558 e 1603. Quando a linhagem Tudor entrou em decadência e finalmente foi substituída pela dinastia Stuart, o modelo absolutista, em si, já estava em ruínas. Isabel, que não se casou e, portanto, não deixou herdeiros, simboliza a queda dos Tudor.
Monarquia parlamentarista do Reino Unido
Hoje o Reino Unido tem uma monarquia parlamentarista. Nela, quem toma as decisões de fato é o Parlamento, cujos membros são eleitos pela população. Essa configuração restringe completamente os poderes do monarca, que apenas chancela as determinações do Parlamento e cumpre uma função mais protocolar e simbólica do que legislativa e executiva.
Essa democratização do poder na Inglaterra e no Reino Unido foi ganhando força aos poucos. Ao mesmo tempo em que os Stuart conquistaram o poder máximo na Inglaterra, o absolutismo perdia sua força e era fortemente contestado pelos ideais iluministas, que movimentaram bastante a França, até a explosão da Revolução Francesa, em 1789.
A demanda por liberdade individual, igualdade e descentralização de poder alterou radicalmente os rumos da sociedade britânica, até que o parlamento retomasse a importância que possui hoje, ainda que sob forte influência da Coroa. Os regentes ainda podem dissolver a câmara dos parlamentares, assim como podem nomear o primeiro-ministro.
Na configuração atual, sob Elizabeth II (Isabel II), existem duas câmaras: a Comum, que representa o povo britânico, e a dos Lordes, que consiste em representantes da nobreza. Os dois lados possuem como principal função discutir e formular novas leis para a população da Inglaterra.
A grande diferença democrática em relação ao período absolutista é que ambas as câmaras precisam entrar em consenso para qualquer decisão, mediante apresentação de projetos de lei, argumentação e votação. Um parlamentar pode propor uma legislação de maneira individual, mas para que ela seja discutida ou encaminhada para votação, é preciso que haja endosso do governo.
Entre a argumentação e a votação, esses representantes das duas câmaras se reúnem para deliberar possíveis emendas e também podem consultar especialistas que tragam provas e pareceres que legitimem o que está sendo proposto.
E aí, entendeu melhor como foi o absolutismo na Inglaterra, como ele perdeu força e qual é a configuração atual dessa monarquia parlamentarista? Comente.