Muita gente envia comentários e e-mails perguntando como encontrar hotéis e albergues baratos em Londres. No nosso guia básico, fornecemos algumas dicas realmente interessantes. Mas a grande questão, para mim, é se vale a pena economizar tanto assim na hospedagem.
Certamente, você ficará menos no quarto do que nas ruas da capital britânica. Só que você precisa lembrar que Londres é grande, enooorme, e exige pernas bem alimentadas e descansadas dos viajantes que desejam desbravá-la e descobri-la. Então a resposta é simples: existem muitas camas extremamente em conta, porém você não deve exagerar na contenção de gastos, pois sua jornada pode ser prejudicada. Quem sabe se você economizar um pouco mais antes de embarcar você não passará um tempo ainda mais memorável em Londres?
Digo isso com a experiência de quem já ficou em hotéis muito bons, hotéis mais ou menos, hotéis ruins, albergues excelentes, albergues mais ou menos e albergues onde os vizinhos de quarto mais próximos eram ratos (ok, camundongos). Sei do que estou falando quando recomendo que você não tope qualquer parada só pensando na economia. E, acredite, esses albergues terríveis, onde pupulam os camundongos, existem aos montes em Londres. É só procurar.
Se você é um mochileiro em busca de experiências antropológicas potencialmente perigosas, vá até a região de Bayswater e comece a inquirir os albergues de pior aparência possível pelas Weekly Rates. Depois de cinco tentativas, escolha o mais barato, pague adiantado, deixe sua bagagem com todos os cadeados possíveis dentro do quarto e saia correndo para conhecer Londres. De preferência, volte bem tarde para o hostel. Mas já aviso: essa estratégia, embora propicie alguns contatos peculiares, pode estragar todos os passeios, arruinar os planos e obrigá-lo, no segundo dia, a pedir o dinheiro de volta e, diante da recusa de um paquistanês mal-encarado, sofrer um revés retumbante antes de procurar um lugar mais adequado.
Em 2004, em uma experiência de quase um ano em Londres, antes de encontrar um trabalho decente na cidade, decidi procurar quarto mais barato da cidade, para economizar ao máximo em tempos de crise (minha). O local já não existe mais, então você, viajante de orçamento apertado, não tente ir atrás. Foi o terceiro albergue onde eu me hospedei em Londres. Naquela época, a taxa semanal custava 50 libras. Nunca achei nada mais barato do que isso e só demorei algumas horas para descobrir o motivo.
Eu dividiria o quarto com duas pessoas: um londrino aposentado, de 65 anos, que ganhava o quarto do governo e não desejava se mudar para o subúrbio, em zona mais afastada do Centro, em que poderia morar, segundo ele, em uma casa só sua, com mais conforto; e um homem que se disse italiano de nome Arturo, e que depois, em um outro albergue, descobri que havia fornecido nome e nacionalidade falsas por algum motivo muito escuso e do qual preferi me manter à parte. Ambos me olharam com espanto quando entrei no quarto com uma mochila de marca, uma bagagem pesada e cara de turista. Na hora de dormir, fui eu que olhei com espanto: que barulhos eram aqueles?
– A gente aposta – disse o mais velho, na cama à minha esquerda. – Para ver quem mata mais camundongos.
Não consegui dormir e, quando acordei, não pude digerir o café da manhã. Ele consistia de uma fatia de pão de sanduíche torrado com um tablete de manteiga e um copo extremamente pequeno de suco de laranja, de aparência duvidosa. Apenas um homem, de aspecto ainda mais questionável do que o suco de laranja, servia todas as 15 mesas.
Para não desperdiçar o dinheiro investido na semana de “acomodação”, decidi aguentar durante sete dias. Mas você, turista ou mochileiro mais precavido, não precisa aguentar nada. Melhor planejar com antecedência, ficar em um hotel no mínimo confortável e gastar com prazer todas aquelas valiosas libras. Ou apostar.