Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda: Lenda ou Realidade?

Sabe aquela história que vive sendo recontada no seu círculo de amigos ou em sua família mas que ninguém tem certeza de que é verdade? A jornada do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda pode ter começado assim. Ninguém sabe se as aventuras Arthurianas possuem algum embasamento em acontecimentos reais ou se são completamente fabricadas.

Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda foram citados em livros durante a Idade Média e posteriormente. Sabe-se que havia uma tradição oral que transmitia no tempo os contos sobre o lendário herdeiro de Excalibur, a espada que só poderia ser empunhada pelo verdadeiro rei da Grã-Bretanha.

Você já deve ter visto ou ouvido falar no filme sobre Rei Arthur, certo? A história, ou parte dela, você também provavelmente já deve conhecer e saber mais ou menos do que se trata.

Mas se você quer realmente entender o que existe de fato por trás dessas crônicas fantásticas e o que é mito ou realidade, conhecer a história com mais detalhes e saber curiosidades sobre a melhor adaptação feita para cinema, continue lendo esse texto que, ao final, as crônicas e os acontecimentos em torno delas estarão na ponta da sua língua. Vamos lá.

Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda – Mito ou verdade?

Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda
Rei Arthur e seus cavaleiros na távola redonda. Foto: iStock, Getty Images

Não são poucos os mitos e lendas que se difundiram na época da Idade Média. Você se lembra de Robin Hood? Ele também é outra figura cuja existência histórica é muito discutida e contestada. Por toda a Europa da Idade Média histórias como a de Robin Hood e Rei Arthur foram escritas.

A seguir, vamos descobrir de onde foram tiradas as histórias de Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Os livros do Rei Arthur que chegaram até nós

A existência histórica do Rei Arthur é objeto de discussão até os nossos dias. As crônicas que chegaram até nós se mantiveram vivas principalmente devido ao folclore transmitido de forma oral pelo povo e também pela literatura, com destaque para quatro trabalhos que são basilares para o que conhecemos sobre o Rei Arthur e seus Cavaleiros. São eles:

  • História dos Bretões (Historia Brittonum), escrito no século 9.
  • Anais da Câmbria (Annales Cambriae), escrito no século 10.
  • Historia Regum Britanniae (História dos Reis Britânicos) de Geoffrey de Monmouth, escrito no século 12.
  • Lancelote, o Cavaleiro da Carreta; Perceval ou O Conto do Graal; Ivain, o Cavaleiro do Leão; Erec e Enida;

Todos esses livros foram escritos por Chrétien de Troyes, poeta francês do século 12 que adicionou aos contos de Monmouth as figuras de Lancelote e o Conto do Santo graal.

Os livros História dos Bretões e Anais de  Câmbria, trabalhos pseudo-históricos que retratam de maneira um tanto fantasiosa o desenvolvimento de acontecimentos nas ilhas britânicas, são onde o nome de Arthur e suas batalhas aparecem pela primeira vez registrados.

Antes do livro de Geoffrey de Monmouth já havia contos, poemas e lendas do folclore popular que faziam referências a Arthur, como os dos livros citados acima,  mas é o Historia Regum Britanniae que é considerado como ponto de partida para as histórias dos guerreiros e batalhas de Arthur.

O próprio livro de Geoffrey é tido como uma coleção de poemas e contos do folclore britânico que já existiam na época em que foi escrito. No História dos Reis Britânicos, arthur é descrito como um Rei guerreiro britânico que lutou e derrotou os saxões que haviam invadido a Grã-bretanha.

Muitos personagens e eventos que atualmente estão incorporados na história de Arthur se originaram no livro de Geoffrey, entre eles: Uther Pendragon (pai de Arthur), o mago Merlim, a lendária espada Excalibur e as batalhas finais de Camlann contra Mordred em Camelot.

Outros elementos que estão hoje plenamente incorporados às lendas originais, como o Santo Graal e o também lendário guerreiro Lancelote foram adicionados por Chrétien de Troyes, ao final da Idade Média, e hoje são retratados nas adaptações cinematográficas, literárias e teatrais.

Assim se consolidou uma das mais populares crônicas medievais de nosso mundo. Até os dias de hoje os feitos e batalhas de Rei Arthur em conjunto com seus cavaleiros são inspiração para muitas criações contemporâneas no cinema e outras áreas artísticas e culturais.

Rei Arthur: Mito ou verdade?

Lendas Arthurianas
Coleção de selos do Rei Arthur. Foto: iStock, Getty Images

E aí, o que você acha? Se os livros de Geoffrey e Troyes existem mesmo, será então que a história é verdadeira? A resposta: Não exatamente.

Por mais apelativo que seria se uma figura como o Rei Arthur e a poderosa Excalibur tivessem realmente existido, o fato é que os livros mais antigos nos quais esse personagem é mencionado são obras recheadas de elementos fantásticos e mitológicos.

Se por um lado livros como o Historia Brittonum são fontes importantes para a historiografia moderna devido à escassez de registros escritos daquela época, por outro é muito difícil tomar os seus escritos como verdadeiros sem a existência de registros arqueológicos ou outras comprovações históricas.

Os livros de Chrétien de Troyes por sua vez, consistem em romances de cavalaria, um gênero literário popular na idade média mas que não possui objetivos ou preocupações historiográficas.

Não foram encontrados registros arqueológicos ou evidências físicas de que o Rei Arthur e seus cavaleiros tenham realmente existido na forma com que os mitos e folclore os retratam. Por mais que seja tentador acreditar nos relatos das crônicas histórico-mitológicas da Idade Média, o mais sensato é considerar a figura de Rei Arthur como provavelmente mitológica ou, no mínimo, uma figura cuja existência ainda carece de evidências reais.

História do Rei Arthur

Existem versões diferentes para a história do Rei Arthur devido às diversas fontes de autores distintos e à sua origem no folclore oral que naturalmente gerava fatos diferentes e incorporava sempre novas mudanças e adaptações. São duas as versões principais sobre a lenda do Rei Arthur. 

A versão da Excalibur

Nesse relato, Uther Pendragon, pai de Arthur, fora perseguido em uma emboscada e antes de morrer enfiou a espada excalibur numa pedra, dizendo que quem conseguisse retirá-la dali seria o novo Rei da Bretanha. A partir da difusão das notícias, começou-se a ser organizado torneios entre os guerreiros do reino nos quais os vencedores tentavam retirar a espada da pedra.

Arthur, à época criado por Ectório, servia como pajem de Cai, filho mais velho de Ectório. Consta que Arthur teria perdido a espada de Cai e ao ver a excalibur fincada na pedra, tentou retirá-la e conseguiu tranquilamente empunhá-la.

Com a retirada da espada, algumas pessoas juraram fidelidade a Arthur como Rei, outras se recusaram, dando início a uma guerra ao fim da qual Arthur teria unificado o Reino. Nessa lenda, o famoso mago Merlin é pai de Ingraine, mãe de Arthur, e também conselheiro de Uther Pendragon e do próprio Arthur depois que o mesmo se torna rei.

Depois de assumir o controle do Reino, Arthur instituiu a Ordem da Távola Redonda, um conjunto dos melhores guerreiros do Reino que em suas reuniões se sentavam em volta de uma távola circular para representar a igualdade entre todos os membros da ordem.

A versão das Brumas de Avalon

Na versão das Brumas, Viviane, Sacerdotisa de Avalon, teria obrigado que Igraine, sua irmã mais nova e futura mãe de Arthur se deitasse com Uther Pendragon para que ele pudesse ter um filho. Mesmo Igraine sendo casada com Galois, Uther Pendragon a engravidou de Arthur.

Quando Uther morreu, arthur foi coroado Rei por meio do ritual do gamo-rei, no qual recebeu a espada Excalibur, cuja bainha, confeccionada pelas sacerdotisas de avalon conferia proteção contra ferimentos e outros acidentes. Munido da espada, Arthur e seus cavaleiros mantiveram o reino unido.

Em algumas lendass, a verdadeira missão de Arthur e seus cavaleiros, fiéis à igreja católica, teria sido partir em busca do Santo Graal, o cálice com o qual Cristo fez a última ceia. Essa parte da crônica se popularizou a partir do século 12, com os livros de Troyes.

Outros personagens importantes:

Os personagens mais importantes das lendas Arthurianas, isto é, do conjunto de escritos e contos sobre o rei Arthur e seus cavaleiros, são:

  • Lancelote: É filho de Viviane, Sacerdotisa de Avalon e, portanto, primo do rei Arthur. É considerado o melhor guerreiro de todos os cavaleiros da Távola Redonda. Teve um romance proibido com Guinevere, esposa do rei Arthur, e por conta disso foi expulso da Ordem da Távola Redonda.
  • A Rainha Guinevere: Esposa do Rei Arthur, viveu um romance proibido com Lancelote, chefe da cavalaria do Rei e melhor guerreiro da Ordem da Távola  Redonda
  • Mordred: Filho de Arthur com Morgana, nascido da cerimônia do Gamo-Rei, na qual Arthur e Morgana entregaram os corpos aos Deuses para conceber um filho. Também foi cavaleiro da Távola Redonda e foi o responsável por revelar o segredo proibido de Lancelote e Guinevere.
  • Morgana: Morgana era a irmã mais velha de Arthur e foi dada a ele na cerimônia do Gamo-Rei, na qual Mordred, filho dos dois irmãos foi concebido.

Excalibur

Sem dúvida um dos motivos pelos quais os contos do Rei Arthur são populares até hoje, a mágica espada Excalibur é tão representativa que parece uma sacada dos melhores diretores de cinema moderno. Com certeza você já ouviu falar dessa lenda.

Fincada em uma pedra de forma que nenhum guerreiro conseguiria retirá-la, é a espada que escolhe o seu dono. (Para quem já leu Harry

Segundo a lenda, esse dono seria o verdadeiro rei da Bretanha. Coube a Arthur, em uma das versões de sua lenda, retirar a espada da pedra e se sagrar novo rei dos britânicos. Essa é a lenda como tradicionalmente contada em uma das versões. No entanto, algumas fontes apontam que o nome correto da espada fincada na pedra é “Espada na Pedra da Lua”, sendo que Excalibur é nome dado à Espada entregue a Arthur após a cerimônia do Gamo-Rei, segundo a versão das Brumas de seus contos.

Comumente é utilizada apenas Excalibur para se referir à espada mágica do lendário Rei Arthur. É uma bela ideia, você não acha? Uma espada mágica que escolhe o seu próprio dono para que só possa ser empunhada pelo verdadeiro rei da Bretanha. Não havia cinema na Idade Média, mas a crônica de Excalibur parece ter sido feita sob medida para as telas modernas de nosso tempo.

Rei Arthur, o filme

Você gostou do que aprendeu até agora? Gosta de cinema também? Então temos boas notícias para você. Em 2017 uma nova adaptação para a história do Rei Arthur será lançada para as telas dos cinemas. Trata-se de Rei Arthur – A lenda da Espada, que como o próprio nome já diz, foca na lenda da mágica espada do Rei Arthur.

No novo filme, Arthur, interpretado por Charlie Hunnam, é apresentado como um jovem que vive nas ruas e desconhece o seu fabuloso destino até encontrar a Excalibur. A espada o escolhe e a partir dali uma luta pessoal começa e se expande posteriormente em uma luta maior pela unificação de seu povo.

Exatamente a história que você aprendeu aqui nesse texto, não é mesmo ? O filme está previsto para ser lançado em 18 de maio. Fique de olho, e prepara-se para pôr em prática os conhecimentos adquiridos nessa leitura.

Explore essa história na Inglaterra

Se você estiver de malas prontas ou pensando em viajar para a Inglaterra, com certeza deve estar imaginando quais atrações históricas e turísticas relacionadas às lendas do Rei Arthur você pode visitar por lá. Existe uma atração em particular que está diretamente relacionada a essa narrativa, as ruínas de Tintagel.

Tintagel nada mais é do um vilarejo localizado na costa da Cornualha. A cidade guarda um castelo em ruínas que é associado à lenda do Rei Arthur. É o principal centro turístico da Cornualha atualmente.

Lembra do Geoffrey Monmouth? O escritor medieval que escreveu sobre as crônicas do Rei Arthur? Foi exatamente ele quem citou essa cidade e castelo como sendo o local de origem do monarca.

Agora que você conhece a história e as discussões por trás dela, que tal ler os livros que mantêm vivas essas lendas? É bom ler antes que a trama chegue ao cinema, ainda neste ano 🙂

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