Ousada e ambiciosa, Ana Bolena enfeitiçou o coração do Rei Henrique VIII. Pelo menos essa era uma das teorias que circulavam no Reino da Inglaterra, por volta do ano de 1532. A história de amor – mas também de muita tragédia – transformou os rumos da religião e da política do país. Acredite: é um daqueles romances que você precisa conhecer.
Junte monarquia, traições, paixões e conflitos religiosos. Parece roteiro de filme, não é? Mas toda essa fórmula esteve presente em uma história real. Tudo começou quando Henrique VIII, já insatisfeito por conta de seu casamento com Catarina de Aragão (e obcecado em gerar um herdeiro homem), se apaixonou perdidamente por Ana Bolena.
Descubra mais detalhes sobre essa importante personagem na história da Inglaterra e seu romance com o Rei logo abaixo.
Quem foi Ana Bolena: ascensão e queda
Filha de Sir Tomás Bolena e Isabel Howard, Ana Bolena nasceu na Inglaterra, mas foi educada na França. Em meados de 1514, serviu como uma das aias da rainha Cláudia de Valois, na corte francesa. Lá, aprendeu muito sobre etiqueta e cultura – o que foi fundamental para moldar sua personalidade ambiciosa.
Foi quando retornou à Inglaterra a pedido de seu pai, por volta do ano de 1522, que a vida de Ana Bolena mudou. Ela fora recrutada para servir à Rainha Catarina de Aragão, então consorte do Rei Henrique VIII.
A chegada ao Reino
Parece história de novela mexicana, mas não é. Quando Ana Bolena chegou à corte, o Rei Henrique já coletava uma gama de amantes, insatisfeito com seu casamento. A amante oficial à época era ninguém menos que a irmã de Ana: Maria Bolena.
Durante o período, Ana chegou a se relacionar com Henry Percy, o filho do Conde de Northumberland, de quem ficou secretamente noiva. Mas o casamento foi impedido pelo pai de Percy, por razões que até hoje não sabemos quais foram, e ela acabou afastada da corte. Só regressou em meados de 1525 e, aí sim, substituiu a irmã mais nova aos olhos do Rei.
O romance com o Rei Henrique VIII
Henrique VIII era um Rei mulherengo, para dizer o mínimoo. Quando Ana Bolena detectou seu interesse, portanto, começou a seduzi-lo e a incentivar algumas investidas. Mas ela não aceitava a posição de uma simples amante. Queria estar ao seu lado como a legítima Rainha da Inglaterra e pediu para o Rei se divorciar de Catarina.
Apaixonado e encantado pela ideia de produzir um herdeiro legítimo para Casa de Tudor, algo que Catarina de Aragão parecia incapaz de lhe dar, o Rei Henrique decidiu se divorciar. Mas, na época, o divórcio não era algo tão simples – ainda mais quando falamos de um Rei, cuja consorte até então era uma católica ferrenha.
O embate com a Igreja Católica
A relação de Ana e Henrique abalou a relação da Inglaterra com Roma. Quando ficou evidente que o Papa Clemente VII não aprovaria o divórcio de Henrique VIII e Catarina de Aragão, muito menos o casamento deste com Ana Bolena, ocorreu uma ruptura religiosa que acabou resultando na criação da Igreja Anglicana.
Em 25 de janeiro de 1533, Ana e Henrique se casaram secretamente no Palácio de Whitehall. A união foi invalidada pelo Bispo Cranmer, em um tribunal especial convocado para julgar a legitimidade do casamento. Cinco dias depois, porém, ele voltou atrás na decisão e declarou legítima a união. Catarina, então, foi substituída por Bolena como consorte da Inglaterra.
A ascensão de Ana Bolena – amada por uns, odiada por outros – foi notável. Ela se tornou influente na diplomacia inglesa, pois estabeleceu uma relação de amizade com Monsieur de la Pommeraye, embaixador francês. Em 1532, Henrique VIII lhe concedeu o título de Marquesa de Pembroke. Seu irmão e seu pai também foram condecorados.
Mas, assim como conquistou relevância rapidamente, a queda de Ana Bolena também foi acentuada. Em 7 de setembro de 1533, ela deu à luz uma menina, a futura rainha Isabel I da Inglaterra. Porém, não era uma herdeira que Henrique buscava. Ele já tinha filhas. Queria um filho.
O fim de Ana Bolena
Uma série de fatores culminaram na derrocada de Ana Bolena. Mesmo com inúmeras tentativas de produzir um herdeiro, todas as suas gestações subsequentes acabaram em abortos espontâneos, ou recém-nascidos natimortos. Em meio a esse contexto, a antiga esposa do Rei, Catarina, faleceu por conta de uma doença afastada da Corte.
Enquanto a Corte Real se encontrava de luto, Ana teve o mau gosto de celebrar o evento usando roupas amarelas. O descontentamento do Rei só aumentou – especialmente por não ter tido o seu tão sonhado filho. Iniciaram-se, a partir daí, outros burburinhos e acusações de bruxaria contra Ana Bolena, por conta de suas gestações fracassadas.
Com o afastamento de Ana e Henrique – que já teria encontrado uma outra amante, Jane Seymour -, abriu-se margem para algumas intrigas. Em uma trama política, Thomas Cromwell envolveu a Rainha em sérias acusações de adultério, traição e até incesto. Cinco homens, incluindo o seu irmão, foram presos e interrogados sob tortura.
O fato é que, mesmo que a maioria (ou talvez todas) as acusações fossem infundadas, o Rei Henrique já havia se cansado de Bolena. Em 2 de maio de 1536, mandou que a prendessem na Torre de Londres. Em 19 de maio, foi executada – mais precisamente, decapitada -, em um andaime em frente à Torre Branca.
Ana Bolena no cinema e na televisão
Ficou chocado com a história? Realmente, o que mostramos aqui são apenas algumas pinceladas de uma trama incrível. Se você quiser se aprofundar mais no contexto, temos duas sugestões. A primeira é assistir ao filme “A Outra” (2008), que conta os bastidores dos romances de Henrique VIII com as duas irmãs Bolena. (Tem na Netflix! ?)
No longa, Natalie Portman vive Ana Bolena.
Outra dica é acompanhar as quatro temporadas de The Tudors (também na Netflix ?), que mostram todos os impasses e loucuras da história do Rei Henrique, Ana Bolena e suas outras esposas. No seriado, o ator Jonathan Rhys Meyers interpreta o monarca e Natalie Dormer (sim, a Margaery de Game of Thrones – impecável, por sinal) vive a Rainha.
Gostou de conhecer a história de Ana Bolena? Já assistiu ao filme ou à série? Comente!