A palavra que você deve aprender antes de viajar para Londres não é “mate” nem “cheers” nem “pint” nem “umbrella”. Antes de embarcar, reserve um dia para perambular pelas ruas de sua cidade e distribuir um “pardon” aleatório e sincero para cada transeunte que encontrar.
Sim, não precisa nem esbarrar – basta se aproximar e disparar as desculpas. É assim em Londres. Qualquer estrangeiro, que tende a se movimentar de forma caótica em um lugar estranho, pode ser mais bem aceito na capital britânica se promover uma saraivada aleatória de pardons em lugares muito movimentados, especialmente no embarque e desembarque de ônibus, trens e metrôs.
Acha estranho pedir desculpas por nada? Calma, você não sabe, mas, em terras distantes (especialmente as de trânsito no sentido contrário), parta do princípio de que você está fazendo algo errado. E acredite, você vai acertar mais se presumir o próprio erro do que se esperar uma senhora sair do trem balbuciando coisas indecifráveis e assaz impublicáveis.
Há um método inglês para captar a necessidade do pardon. Mas você não dominará a técnica em 3 ou 4 dias de viagem. Trata-se da sutil arte de detectar as falhas em sua própria movimentação e prevenir a reclamação alheia com o pardon redentor. Exemplos de falhas clássicas que só podem ser amainadas com a palavria mágica: chegar perto demais de um desconhecido sem motivo muito justificável ou parar, mesmo que por instantes, do lado esquerdo da escada rolante.
Depois, não adianta falar baixinho. Não adianta gritar desculpas em português. Não adianta argumentar que foi você, velhinha, que me atropelou. E não adianta sair-se com um sorry. Lembra a senhora que balbuciou as palavras impublicáveis? Ela tem um umbrella e não se furtará em utilizá-lo para promover a educação alheia. Por isso, comece a praticar.