Por Vincent Travi
As notícias confundem. Ora dizem que Londres está vazia, ora argumentam que a capital britânica nunca recebeu tanta gente. O motivo do tom díspar das matérias é que precisa ser feita uma distinção muito clara entre dois tipos de público que se encontram na cidade atualmente: o visitante olímpico e o turista tradicional.
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Prova de que Londres não virou uma “cidade deserta” durante as Olimpíadas, como temerariamente descreveu o economista Nouriel Roubini, é que o metrô bateu o recorde de passageiros transportados em um único dia na última sexta-feira: 4,4 milhões de pessoas. O recorde anterior ocorreu um dia antes, na quinta: 4,3 milhões. E, para alegria do prefeito Boris Johnson, o Tube suportou direitinho a pressão.
O que leva economistas e jornalistas a descreverem os Jogos como um fracasso são os resultados de estabelecimentos e atrações que atendem normalmente aos turistas tradicionais. Em vez do aumento do público e das vendas, houve queda em diversos lugares diferentes, com uma concentração do poder de consumo na região do Parque Olímpico.
Muitos comerciantes, então, culpam agora o próprio governo. Muitos meses antes do início da competição, a prefeitura da cidade montou um programa para alertar sobre o aumento do fluxo de visitante na cidade e para advertir os londrinos de que o melhor, nessas duas semanas, seria trabalhar de casa e evitar o uso do transporte público o máximo possível. Segundo donos de bares e restaurantes, essa atitude, tomada por precaução, teria enfraquecido o consumo nessa época.
Conversando com guias dos famosos tours a pé London Walks, a informação que obtive é que seus passeios estão com bem menos clientes do que no restante do ano, e o verão deveria ser o período mais movimentado. Isso me leva a crer, realmente, que a absoluta maioria dos turistas estão na cidade para acompanhar as Olimpiadas. Mal sabem eles tudo o que estão perdendo, hehehe.
A consequência disso é o que se vê. Apesar de lotada, Londres teve seu panorama alterado. As linhas centrais de metrô estão abarrotadas de passageiros. Em pontos turísticos “óbvios”, como Trafalgar Square e Piccadilly Circus, existem aglomerações incômodas de gente. Além disso, vale dizer que museus estão tomando um cuidado extra quanto à segurança. Museus em que antes nao se faziam maiores revistas, como a National Gallery, estão agora adotando esse procedimento.
Durante as Olimpíadas, Londres está diferente. A Primark, quase insuportável. O metrô, ainda mais abafado. Por outro lado, telões transmitem os Jogos pelos parques, atrações diversas tomam conta das ruas, um festival de artes oferece uma porção de eventos gratuitos e um colorido de bandeiras, camisetas e rostos desfila pela cidade. Melhor assim: quem vem à capital britânica nesse período vai ficar com mais vontade de voltar. Logo.