Por todo o Reino Unido, museus e espaços literários promovem, em 2012, eventos para comemorar o aniversário de 200 anos do escritor Charles Dickens. Por se converter em morada para o autor em seus primeiros anos de vida, a capital britânica abriga algumas das grandes mostras de sua arte. No Museu de Londres, até o dia 10 de junho, encontra-se a “maior celebração do legado de Dickens”, de acordo com o jornal Independent.
Parte desse legado deve-se a uma característica inusual de Dickens. O autor de David Copperfield e Oliver Twist era um caminhante compulsivo. Andava de 15 a 30 quilômetros diariamente, normalmente à tarde e à noite. Muitas vezes, levava consigo hóspedes de sua casa e os forçava a velocidades e distâncias cada vez maiores.
Naquela época, conhecidos achavam que essa obsessão por sair de casa e perambular pelas ruas de Londres fosse uma doença. Atualmente, no entanto, percebe-se, com clareza, a influência desse hábito nos textos do autor, que escreveu capítulos inteiros sobre caminhadas pela capital britânica e captou personagens em cada viela, beco e esquina percorrida.
A exposição Dickens and London recria o clima da Londres vitoriana que inspirou a obra do escritor. Através de sons e projeções, o visitante pode inebriar-se com a atmosfera daquela época e revestir-se com o contorno dos personagens que permeiam o trabalho do autor. Entre as peças em exibição, estão manuscritos, roupas, fotografias e outros objetos relacionados às inspirações e criações de Dickens.
Antes que você comece a imaginar a Londres daquela época, entenda: 1) o império britânico era a maior potência do mundo; 2) a Inglaterra vivia e capitaneava a Revolução Industrial; 3) Londres era a capital dessa combustão econômica e mecanicista; 4) A população da cidade, a maior do mundo, passara de 1 milhão em 1800 para 6,7 milhões em 1900.
Devido principalmente à densidade populacional à época, o biógrafo de Dickens, Peter Ackroyd, aponta: “Se uma pessoa do fim do século 20 se encontrasse subitamente em uma taverna daquele período, ela ficaria literalmente doente – doente pelos cheiros, doente pela comida, doente com a atmosfera ao seu redor”.
Em suas incursões noturnas, Dickens não contava com a segurança, a iluminação e a tranquilidade que passeios desse tipo oferecem atualmente. As grandes ruas eram iluminadas por fracas lâmpadas a gás, os varredores não davam conta da quantidade gigantesca de estrume produzido por cavalos que conduziam os veículos, as chaminés não paravam de expelir fumaça de carvão e pick-pockets se imiscuíam a uma horda de prostitutas, bêbados e mendigos trôpegos que se debatiam pelas vielas escuras da cidade.
Essa era a Londres em que Dickens caminhava. Essa é a Londres que o Museum of London quer apresentar para você.
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Destaque da exposição
Filme mostrando a noite londrina que Dickens desvendava naquela época
Período
9 de dezembro de 2011 a 10 de junho de 2012
Horários
Diariamente, das 10h às 18h
Ingressos
Preços: Adulto 7 libras / Criança 6 libras
Como chegar
Estações de metrô: Barbican, St Paul’s, Moorgate
Linhas de ônibus: 4, 8, 25, 56, 100, 25, 172, 242, 521
E também
Leia Night Walks, em inglês