Jack, o Estripador é o apelido do mais famoso serial killer da história. O que muita gente não sabe é que a fama do assassino não se deve ao número de vítimas, e sim a diversas curiosidades e circunstâncias que rondaram os crimes.
Os especialistas acreditam que ele não tenha assassinado mais de cinco mulheres. E ao contrário do que muita gente imagina ainda hoje, ele não estuprava as prostitutas antes de as matar. E nunca proferiu a frase: “Vamos por partes”.
Ficou confuso? A verdade é que Jack, o Estripador se tornou um mito. Embora seja o serial killer mais famoso e investigado da história, ele tem mais lendas em seu entorno do que fatos.
Neste post, vamos entender como foi construída a história de Jack, o Estripador, cuja identidade e número de vítimas até hoje não são conhecidos.
Quem foi Jack, o Estripador
Jack, o Estripador foi um dos primeiros serial killers da história.
Ele assassinou brutalmente um número desconhecido de mulheres no fim do século 19, em uma região pobre de Londres.
Jack, o Estripador não é o nome de uma pessoa, mas o apelido pelo qual o assassino ficou conhecido na imprensa.
Muita gente não sabe, mas o número de vítimas não foi o fator mais decisivo para que o criminoso ficasse tão conhecido.
Na verdade, na comparação com outros assassinos de hoje e da época, ele pode não ter sido tão devastador.
O problema é que, naquele período, houve tantos casos de assassinatos na região do Leste de Londres, que muitos assassinatos foram atribuídos ao Estripador sem que ele os houvesse cometido.
Os tabloides da época, na verdade, foram em parte responsáveis por essa fama enorme do serial killer.
Os jornais estavam começando a vender muito e a influenciar a opinião pública e aproveitaram a tragédia para alavancar ainda mais suas publicações com a histeria da população local.
O restante da fama se deve à brutalidade dos crimes e à astúcia do assassino.
Até hoje, não se sabe quem foi, de fato, Jack, o Estripador, embora centenas de pessoas já tenham sido investigadas pelos crimes.
O cenário dos crimes de Jack, o Estripador
O Leste de Londres era um lugar muito pobre no fim do século 19. Nessa época, a região passou a abrigar irlandeses expatriados e judeus refugiados.
Assim, o aumento da densidade populacional da área, somado a uma economia decrépita, fomentou o roubo, a violência e a prostituição. Em outubro de 1888, a Scotland Yard estimou a presença de 1,2 mil garotas de programa e a existência de 62 bordéis em Whitechapel.
Esse foi o cenário dos crimes atribuídos a um dos assassinos de apelido mais conhecido da história: Jack, o Estripador (em inglês, Jack The Ripper). Entre 1888 e 1891, onze mulheres, em sua maioria prostitutas, foram assassinadas na região. Os assassinatos ficaram conhecidos pela polícia como The Whitechapel Murders.
5 crimes de Jack, o Estripador
Mas nem todos esses assassinatos são associados atualmente ao Estripador. As principais correntes de estudo entendem que pelo menos cinco dessas mortes tiveram o mesmo autor, cuja identidade ainda se desconhece.
Essas cinco mulheres foram assassinadas com corte de faca no pescoço e tiveram órgãos retirados de seu corpo.
- Mary Ann Nichols (Sexta, 31 de agosto de 1888)
- Annie Chapman (Sábado, 8 de setembro de 1888)
- Elizabeth Stride (Domingo, 30 de setembro de 1888)
- Catharine Eddowes (Domingo, 30 de setembro de 1888, 45 minuto depois)
- Mary Jane Kelly (Sexta, 9 de novembro de 1888).
O mistério acerca de Jack, o Estripador é tão grande, que se formou uma legião de pesquisadores do assunto.
Eles têm até nome: Ripperologists. Devido às restrições tecnológicas da época e ao longo tempo de investigação dos casos, grande parte das evidências originais dos crimes foram perdidas.
Muito do que se escreve hoje sobre os assassinatos é baseado nas opiniões desses escritores, que pesquisaram o tema em diferentes momentos, alguns muitos anos depois.
Como Jack matava
Jack, o Estripador tinha um ritual básico para matar. Ele estrangulava as vítimas, puxava uma faca, usava a faca para cortar a artéria carótida (o que provocava quase a morte instantânea) e depois realizava diversos cortes nas regiões do abdômen, dos genitais e da face. Nenhuma das mulheres tinha sinais de estupro.
5 curiosidades sobre o caso Jack, o Estripador
- Na época dos crimes, em 1888, a investigação policial ainda engatinhava. Não havia detecção de impressões digitais, e a a ciência forense era uma piada: alguns detetives acreditavam em tirar foto dos olhos da vítima para descobrir o que ela tinha visto por último (de preferência, o assassino).
- Por coincidência ou conhecimento, Jack, o Estripador fazia uma espécie de ziguezague entre as jurisdições das duas polícias da cidade, a Metropolitan Police e a City of London Police. Ele matava uma vítima no território de uma polícia e depois matava a próxima no território da outra. Dessa forma, a falta de comunicação entre as forças atrapalhava ainda mais os trabalhos de investigação.
- O apelido Jack The Ripper ficou famoso após a polícia receber uma carta supostamente escrita pelo assassino. Suspeita-se, porém, que o texto tenha sido redigido por um jornalista. A imprensa teve um papel decisivo na popularidade do criminoso: distorcia muitos fatos, exagerava em outros e, em alguns, simplesmente inventava.
- Quase 130 anos depois dos crimes, ainda hoje há um tour a pé em Londres (bastante popular) que passa por locais relacionados aos assassinatos.
- Durante as investigações, mais de 2 mil pessoas foram levadas à delegacia para prestar depoimento.
Cartas do suposto Jack, o Estripador
Após o segundo assassinato, a polícia e os jornais começaram a receber cartas pretensamente escritas pelo autor do crime. Quase todas (ou todas) não passaram de trote. Um jornalista, inclusive, confessou ter redigido a primeira carta na qual aparece o nome de Jack, The Ripper (Jack, o Estripador), datada de 25 de setembro de 1888.
Uma carta, cujo título é From Hell (Do Inferno, reproduzida abaixo), é considerada uma das mais prováveis a ter sido enviada pelo próprio criminoso. Isso porque ela estava dentro de uma caixa que continha um rim.
Supôs-se que o órgão pertencesse à terceira vítima, que teve um rim removido pelo assassino. Na época, porém, a quantidade de trotes era tão grande, que se imaginou que um estudante de medicina pudesse ter redigido a missiva.
Quem é o estripador: os suspeitos
Mais de 2 mil pessoas foram levadas à delegacia para prestar depoimento, mais de 300 delas foram efetivamente investigadas e cerca de 80, presas. A concentração dos assassinatos nos fins de semana, todos em ruas próximas, indicou para muitos que o serial killer trabalhava durante a semana e vivia nas redondezas.
Também se suspeitou que o criminoso fosse um médico, pois teria que possuir algum conhecimento cirúrgico para realizar a remoção de órgãos internos. Mais tarde, concluiu-se, no entanto, que as extrações não haviam sido realizadas de forma tão acurada, ou pela falta de tempo para a operação, ou pela imperícia do contraventor. Assim, ampliou-se o escopo das buscas.
O Casebook, um site dedicado inteiramente aos assassinatos, apresenta uma votação de seus leitores sobre quem é o suspeito mais provável de ter cometido os crimes. Confira os três mais votados:
- James Maybrick
- Francis Tumblety
- Walter Sickert.
No site da Scotland Yard, há uma seção dedicada à história da investigação de Jack, o Estripador. Nela, a polícia aponta quatro suspeitos:
- Kosminski, um judeu polonês que vivia em Whitechapel
- Montague John Druitt, um professor de 31 anos que cometeu suicídio em dezembro de 1888
- Michael Ostrog, um russo com inúmeros pseudônimos e diferentes passagens pela polícia e pelo manicômio
- Dr Francis J. Tumblety, de 56 anos, um americano preso em 1888 por indecência em público, que fugiu do país pagando uma fiança bem alta.
Tour do Jack, o Estripador em Londres
Em Londres, ainda hoje é possível fazer um tour pelos locais relacionados aos assassinatos de Jack. Veja nosso review sobre o tour.
Na prática, sobrou pouca coisa daquela época, e os lugares onde os crimes foram cometidos já estão completamente diferentes. A região de Whitechapel, no East End, que antes era muito pobre, quase uma favela, se desenvolveu e valorizou muito nos últimos anos. Por isso, não espere dar uma de Sherlock Holmes, seguir os passos do assassino e desvendar novas pistas sobre os suspeitos. Na prática, o tour serve apenas para dar uma boa ideia da história e para levar o visitante a entender como era a Londres daquele período obscuro, no fim do século 19.
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