Londres ou Paris?

Londres e Paris vivem uma disputa que parece dividir os viajantes: qual é a capital do turismo? Escolher entre esses dois destinos é uma decisão para deixar qualquer um em dúvida.

Texto e fotos: Natália Collor

Recentemente, eu enfrentei esse problema. Vivi lindos dias nublados em Londres e dias nublados não tão bonitos em Paris. Descobri que a expectativa nem sempre é alcançada, mas, em alguns lugares, como em Londres, ela pode ser superada.

Meus quinze dias de hóspede em uma casa de família inglesa começaram com gafes que nem explicando vocês entenderiam, mas a experiência foi tão boa que não tenho do que reclamar. Escola com jovens do mundo todo, lugares incríveis, horas de compras na Primark e uma neve inesperada fizeram os primeiros dias serem os melhores da minha vida.

Enquanto esses quinze dias passavam, a expectativa era grande pelos quatro dias em Paris. Seriam dias hospedados em um hotel, com promessas de conhecer o máximo possível do que a cidade tinha a nos oferecer.

Chegando em Paris, os dias em Londres me atingiram com saudade ao encontrar tudo menos a Paris que eu via nos filmes. Posso parecer ingrata ao dizer: conheci a cidade do amor, mas meu coração já havia sido conquistada por sua adversária, Londres.

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Com um dos ícones de Londres, a Tower Bridge. Fotos: Arquivo pessoal, Natália Collor

Transporte

Dependi de metrô durante os 15 dias em Londres. Saía cedo para a escola e depois de alguns minutos caminhando pegava ele até o bairro em que teria aula. Depois da aula, o grupo que veio comigo do Brasil e eu conhecíamos toda a cidade mais uma vez usando o metrô.

Eu gostava daquela rotina, cheia de homens de terno lendo jornal e vez ou outra falando ao celular, mulheres comprando flores nas estações e crianças uniformizadas indo para a escola.

Havia uma ou outra frase de música escrita atrás de bancos, mas não vi nenhuma depredação no transporte público.

O que encontrei na França era bem diferente das estações com as quais eu me acostumei em Londres. Vi pobreza no transporte público como nunca havia visto. Pessoas pedindo esmola dentro de todos os metrôs e muita sujeira.

Quando pegamos o trem direto de Londres a Paris, a magia se quebrou.

Talvez tenha sido a paixão por Londres, a ameaça de bomba que Paris enfrentava naquele janeiro de 2013 ou os policiais que vi prendendo homens mal encarados. Mas já queria ir embora e torcendo para um ônibus vermelho me levar de volta para meu lugar preferido.

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Frio congelante em Stonehenge. Fotos: Arquivo pessoal, Natália Collor

 

Segurança

Todos os dias, quando os passeios acabavam, no fim da tarde, eu e minha amiga, que estava hospedada comigo, voltávamos para casa. Nossa indicação era voltar direto, sem falar com estranhos. Tomando algumas precauções, não vivi nenhum problema relacionado à segurança.

Foi diferente em Paris. Na estação de trem, vimos pessoas sendo presas. Nossa guia pediu para que os meninos ficassem atentos caso alguém se aproximasse, e todos tinham a orientação para cuidar de suas mochilas. Isso nunca havia sido dito em Londres, embora seja recomendável ficar atento a seus pertences em qualquer viagem.

Uma noite, fomos até um Mc Donalds perto do hotel, uns sete colegas do grupo do Brasil e nossas professoras. Enquanto conversávamos sobre o dia, um mendigo, com as roupas esfarrapadas e aparência péssima, se aproximou da mesa falando coisas incompreensíveis.

Ignoramos, e ele se afastou. Fez o mesmo com um casal do grupo que estava na mesa ao lado. O garoto que estava lá prestou atenção no homem e se descuidou por um instante. Uma das professoras percebeu a aproximação do homem e o enxotou rapidamente. Depois nos explicou: o estranho estava tentando pegar o celular do meu colega, que inocentemente não percebeu nada.

Compras e atendimento

Parecíamos malucos com as compras em Londres. Admito que todas as vezes que encontrava uma Primark, eu quase infartava. Mas também preciso confessar que meu investimento mais louco foi uma Ugg nos primeiros dias de viagem, que estourou meu orçamento e fiquei sem compras por dois dias.

Quando chegamos em Paris, com o dinheiro quase acabando depois da loucura toda, eu tinha objetivos específicos, que incluíam uma visitinha à Champs-Élysées.

Com o dinheiro no fim, comer bem era uma das grandes metas. Um dia, entramos em uma confeitaria de esquina que vendia doces inesquecíveis, e essa foi uma das melhores descobertas gastronômicas que a gente fez na França. Apesar de toda a fama da culinária local, não é tão fácil encontrar os lugares certos e, depois, poder pagar a conta.

Os macarons mais famosos do mundo, Ladurée. Foto: Natália Collor
Os macarons mais famosos do mundo, Ladurée. Fotos: Arquivo pessoal, Natália Collor

Uma dessas descobertas incríveis foi Ladurée, lugar que me proporcionou os melhores macarons de todos que já provei. Depois de conhecer o Louvre, fui atraída pelo aroma inexplicável da loja, que me fez comprar um de cada cor, o que comprometeu mais da metade do orçamento. Valeu a pena a falência e os quilinhos a mais.

Também no Louvre, o atendimento ao cliente decepcionou. Eu particularmente nunca levei fé nessa história de que franceses não gostam de turistas, afinal eles vivem do dinheiro do turismo. Mas descobri que alguns deles podem, sim, odiar essa gente diferente nos seus museus e restaurantes.

Fui comprar uma água e pedi educadamente em inglês. Só que a moça respondeu, também em inglês, que ali devíamos pedir em francês. Pedi desculpa e disse que sabia pouco do idioma. Sem vontade, ela pegou a água, colocou no balcão e me cobrou o que equivalia a 14 reais. Pelo preço, pensei que receberia uma garrafinha de água francesa banhada a ouro.

Pontos turísticos

Visitei não só os pontos turísticos de Londres, mas dos arredores também. Apenas a London Eye ficou de fora, por causa de obras na estrutura enquanto eu estava lá. Só tenho lembranças nem tão boas da viagem a Cambridge, porque um vento cortante me dava saudade do verão brasileiro.

A emoção ao ver a Torre Eiffel foi o ponto máximo em Paris. Nunca imaginava que ela surgiria a minha esquerda enquanto eu caminhava distraidamente. Demorei alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo e voltar a respirar de maneira tranquila.

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Torre eiffel não decepcionou nem um pouco. Fotos: Arquivo pessoal, Natália Collor

 

O mesmo aconteceu enquanto estávamos nas igrejas. Me faltava ar ao entrar naqueles lugares. Mas, para mim, não fazia muito sentido a beleza dentro delas e a pobreza que cercava o local. Pessoas nos abordavam para pedir esmola a todo momento. Mães com crianças no colo nos encostavam e puxavam, e depois ficamos sabendo que essas mulheres usavam essa técnica para roubas as pessoas.

Na hora de voltar, embarquei para o Brasil decepcionada com Paris. A cidade é linda, mas não estava à altura da nossa expectativa. Londres, por outro lado, me encantou. Na disputa com a capital francesa, Londres ganha fácil: sonho todos os dias com aquelas ruas e os ônibus vermelhos por todos os lados.

Natália Collor, 18 anos, estudante de jornalismo, fez sua viagem de intercâmbio para Londres em 2013, com direito a uma parada final em Paris antes do retorno ao Brasil. 

Intercâmbio em Londres

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