O vermelho, o branco e o azul da Union Flag, a bandeira do Reino Unido, ganharam as ruas de Londres nos últimos dias para simbolizar as festividades do Jubileu de Diamante da Rainha. O evento, que celebra os 60 anos de Elizabeth II no trono britânico, começa neste final de semana e segue até terça, quando se encerra o feriado bancário. O ápice da festa é no domingo: mais de mil barcos desfilarão pelo Rio Tâmisa em uma procissão Real como há décadas não se vê, com direito a muitos acenos da monarca e – pode-se pressupor – uma porção súditos desmaiando. Mais de um milhão deles deve ir às ruas para celebrar, a maioria se acotovelando às margens do rio para acompanhar o evento.
Na verdade, a alegria já tomou conta das vias da cidade. Às 22h40 desta sexta, em Leicester Square, havia uma movimentação mais intensa do que em fins de semanas anteriores. A maior diferença, no entanto, era a empolgação dos súditos da Rainha, que ostentavam suas cervejinhas para lá e para cá em um frenesi descontraído e pouquíssimo relacionado à realeza e suas vicissitudes. Felizes pelo feriado que se lhes descortina à frente.
A temperatura está nas alturas. Na última semana, o ponteiro relutou em cair: fez muito calor, o sol cobriu a cidade toda e a chuva, tão britânica e tão presente no mês passado, nem deu as caras. Por todos os lados, entre anúncios de lojas, manchetes de jornal e ecos do prefeito Boris Johnson, anuncia-se o início de “um verão como nenhum outro”.
O princípio dessa temporada inigualável pode ser determinado pelas badaladas do Big Ben às 17h desta sexta-feira, quando a maioria dos escritórios fechou as portas e mandou para casa e para o pub funcionários que só voltarão na quarta-feira, depois de um Jubileu de piqueniques no parque, farras homéricas, muitos God Save The Queen e mil barcos desfilando pelo Tâmisa, a maior frota reunida em 350 anos.
A festa fluvial de domingo não é a única comemoração dos 60 anos no trono. Ao longo dos próximos cinco dias, haverá também cerimônia religiosa na St Paul’s Cathedral, show de diversos artistas em frente ao Palácio de Buckingham, mais de 2 mil festas de rua, entre muitas outras atrações espalhadas pela cidade. Essa efusividade prevista pode empolgar a Rainha, mas preocupa o departamento de trânsito da capital britânica. Placas nas estações centrais de metrô avisam: pode haver interrupção de linhas, fechamento de estações e muito congestionamento.
Quando os súditos da Rainha acordarem na quarta-feira, ainda inebriados de sono e conturbados pelo feriadão festivo, terão a sua frente dois meses de trabalho – e ansiedade, talvez – antes que mais um evento invada a cidade e consagre esse “verão como nenhum outro”. A torcida será, mais do que pelos atletas britânicos que disputarão as Olimpíadas, pela integridade de Londres, cidade que vive uma ebulição cultural e que teme pelo caos urbano. God save the Queen.