Era Medieval: História e Curiosidades

Castelo de Eltz - Castelos medievais da Europa
Castelos foram legados da era medieval na Europa. Foto: iStock, Getty Images

A Era Medieval é conhecida como um período de estagnação econômica e científica. Os Iluministas, por exemplo, deram a esse período de tempo o nome de Idade das Trevas, pois segundo eles foi um tempo em que a razão humana deu lugar à superstição e influência política da Igreja.

Neste texto, vamos apresentar e discutir o que foi a Era Medieval e trazer curiosidades que provavelmente passaram ao largo do seu livro de escola. A própria ideia de que o período medieval foi uma época de estagnação será discutida, considerando uma visão mais realista e menos propensa à interpretação negativa que a herança Iluminista nos deixou.

A seguir, vamos nos concentrar na Idade Média Europeia e os seus principais acontecimentos. É uma viagem de mais de mil anos de distância, que serão explorados em alguns minutos e parágrafos.

Preparado para essa viagem? Vamos lá.

O que foi a Era Medieval

A Idade Média, ou Era Medieval, é uma divisão histórica de tempo, entre a Antiguidade e a chamada Idade Moderna. Vamos ver mais precisamente quais são os marcos que datam o início e fim e as características desse período histórico conhecido pelo feudalismo e ascensão do poderio da Igreja Católica do ocidente.

Qual é o período da Era Medieval

A Antiguidade tem como marco final a queda do último Imperador Romano do Ocidente, em 476. Essa é a data que se tem como consenso para o início da período medieval. Do século 5, quando o Império Romano do Ocidente desmorona até o século 15, que marca a conquista de Constantinopla (atual Istambul) pelos turcos otomanos, em 1453, a Europa viveu a chamada Idade Média.

Alguns historiadores e países atribuem a data de término da Idade Média a datas diferentes, mas todas elas mais ou menos o fim do século 15. A conquista de Granada, em 1492, a morte do Rei Fernando II de Aragão, em 1516, são outras datas que alguns autores consideram como marcos finais do período feudal.

Para simplificar nossa vida e não nos perdermos com tantas datas e números, vamos falar em séculos 5 (início) e 15 (fim), ok?

As divisões da Idade Média

Mil anos é muita coisa. Muito tempo mesmo. É um milênio inteiro de acontecimentos e mudanças sociais e econômicas profundas. Como quase tudo no conhecimento humano, para facilitar a análise e estudo da período medieval, é feita uma divisão, normalmente em dois períodos menores:

  • Alta Idade Média – Séculos 5 ao 10
  • Baixa Idade Média – Séculos 11 ao 15

Da mesma forma com que as datas de fim do período medieval não é unanimidade entre os historiadores e países, existem também outras divisões, como por exemplo, a separação da Idade Média em três períodos distintos:

  • Idade Média Arcaica – Séculos 5 ao 9
  • Alta Idade Média – Séculos 10 ao 12
  • Idade Média tardia – Séculos 13 e 14

Vamos usar a divisão em dois períodos, Alta e Baixa Idade média, que, em geral, é a mais utilizado as escolas e pelos historiadores.

Características da Idade Média Europeia

Esses mil anos de Idade Média pelos quais a Europa passou não possuem uma divisão especial na História à toa. Por que esse período tem um nome bem definido e data de começo e fim? A razão disso é que mudanças drásticas na estrutura econômica, social e política ocorreram e deram aos  séculos medievais uma feição própria e distinta dos períodos Antigo e Moderno.

A antiguidade na Europa foi marcada por grandes Impérios centralizados na autoridade de Reis (Roma, Macedônia, Egito, etc), grandes guerras, um sistema escravagista muito forte e pelo desenvolvimento dos primeiros sistemas de leis e de comércio entre nações.

A Idade Média possui características muito distintas da antiguidade. Os principais aspectos que marcaram o período medieval foram:

  • Poder político descentralizado (principalmente na alta Idade Média)
  • Relações de suserania e vassalagem
  • Estratificação social em Clero, Nobreza e Servos
  • Regime de servidão e feudalismo
  • Economia essencialmente rural
  • Proliferação de Templos e Monastérios
  • Grande influência política e econômica da Igreja Católica
  • Domínio da teologia Escolástica na cultura e filosofia

No século 15, já no fim da Idade Média, começam a surgir as primeiras monarquias absolutistas na Europa, retomando o poder central dos Reis. Com o surgimento do mercantilismo e os grandes descobrimentos a estrutura feudal agrária começa a dar lugar à economia urbana e ao comércio, e no plano da cultura e religião, o Renascimento e a Reforma protestante dariam novos rumos à antiga influência da Escolástica e da autoridade da Igreja Católica. Todas essas transformações puseram fim à Idade Média e deram início à Idade Moderna.

Muitos eventos importantes e influentes no imaginário ocidental aconteceram no período medieval. Na próxima seção vamos destacar alguns desses eventos que até hoje são temas de livros, filmes e inspiração para muitas criações contemporâneas.

5 acontecimentos da Era Medieval

Dos dois períodos os quais a Era Medieval está dividida, é na Baixa Idade Média que alguns dos principais acontecimentos da época aconteceram. A Alta Idade Média fora caracterizada por uma regressão econômica a um regime de produção agrícola e forte correlação entre poder econômico e posse de terras. Já na Baixa Idade Média, algumas cidades e feiras comerciais começam a se tornar importantes na esteira de inovações agrícolas e retomada do crescimento urbano, começando a pavimentar o caminho para o renascimento comercial e cultural do século 15.

Vamos descrever agora alguns dos principais acontecimentos da Era Medieval.

As cruzadas

As cruzadas são amplamente conhecidas devido à sua retratação frequente no cinema e na televisão. Esse movimento consistiu em um conjunto de expedições militares lideradas por reis e comandantes militares cristãos em direção à Jerusalém, com o objetivo de retomar o controle político da Terra Santa das mãos dos Muçulmanos.

A primeira cruzada de caráter oficial foi convocada pelo Papa Urbano II em 1095. As diversas expedições, ora obtinham algum sucesso em retomar territórios ora eram fracassadas e resultavam em grandes perdas para os Cruzadas.

A mais famosa Cruzada foi a terceira, na qual tomaram parte os mais importantes reis da Europa, dentre eles: Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, Felipe Augusto, da França e Frederico Barbarossa, do Sacro Império Romano-Germânico. A expedição não foi um sucesso militar, mas o rei Inglês Ricardo Coração de Leão chegou a um acordo com o famoso líder muçulmano Saladino para que cristãos tivessem permissão para peregrinar à Terra Santa.

Amplamente retratado no cinema e até hoje motivo de severas discussões entre cristãos e muçulmanos, as Cruzadas foram um dos mais importantes acontecimentos da Idade Média na Europa.

Uma igreja, dois Papas – A grande cisma do ocidente

Também conhecida como apenas Grande Cisma ou Cisma, esse evento foi uma das maiores crises da Igreja Católica em toda a sua história. O termo cisma significa separação, quebra de unidade, e foi exatamente isso que aconteceu.

Com a morte do Papa Bonifácio VIII, em 1303, o Rei Francês Felipe IV, o Belo, então um monarca em ascensão e com grande influência, em um vigoroso movimento político conseguiu com que um papa de origem francesa fosse eleito, o Papa Clemente V. Além disso, obrigou que o Papado fosse transferido para a cidade francesa de Avignon, onde ficou instalado até 1378, naquilo que passou à História como Cativeiro de Avignon.

No ano de 1378 um novo Papa foi eleito. Urbano VI, de origem italiana, reinstalou o Papado em Roma, mas em movimento contrário, apoiadores do Papado em território Francês elegeram outro Papa, Clemente VII, que se manteve instalado em Avignon. Assim, a partir de 1378 a Igreja católica conviveu com dois Papas, um baseado em Avignon (Clemente VII) e outro baseado em Roma (Urbano VI).

Essa divisão durou até 1417, marcando um período da Igreja na qual a sua principal figura de poder ficou divida em duas. Essa foi a Grande Cisma do Ocidente.

A peste negra

A peste negra foi um capítulo dramático da Baixa Idade Média. Durante o século 14, roedores infectados com a bactéria Yersinia pestis, alcançaram zonas habitadas da Europa a partir de navios mercantes vindos da Ásia. Uma das variações dessa bactéria é responsável pela peste bubônica, doença que ataca o sistema sanguíneo e linfático.

Estima-se que mais de um terço de toda a população da Europa tenha perecido vitimada pela doença. Uma das maiores e mais mortais epidemias já registradas.

A invasão Muçulmana da Península Ibérica

No ano de 711, ainda na Alta Idade Média, a península Ibérica, na região espanhola da atual Andaluzia, foi palco de várias excursões militares muçulmanas que acabaram por tomar o controle da sul da península.

Por mais de 800 anos os árabes mantiveram o controle da região, marcando uma profunda influência na cultura e na arquitetura local. Apenas em 1492, quando os Reis Católicos Fernando de Aragão, e Isabel de Castela expulsaram definitivamente os muçulmanos e conquistaram a cidade de Granada a península voltou ao domínio europeu e católico.

As invasões Vikings

A civilização Viking dominou a Europa Escandinava durante a Idade Média. Baseados nas regiões nórdicas das atuais Noruega, Suécia e Dinamarca, os povos Vikings possuíam uma forte tradição militarista e entre os séculos 8 e 11 promoveram uma série de invasões à vários países da Europa, incluindo as atuais regiões da França, da Espanha, Inglaterra e principalmente Irlanda.

Esses séculos da Era Medieval são também chamados de Era Viking, e somente após a introdução do cristianismo nas terras escandinavas e do fortalecimento dos reinos europeus é que os Vikings deram sinais de desgaste e pararam definitivamente com suas expedições militares e pilhagens ao longo da Europa.

Por muitos séculos os Drakkars, navios militares dos Vikings, eram motivo de preocupação e medo para muitos reis e povos da Europa. Até hoje esses povos e sua cultura são muito influentes e é possível encontrar desde bares Vikings até bandas que utilizam a temática Viking em suas composições e shows.

Curiosidades sobre a Era Medieval

Toda época tem as suas características próprias. Na Idade Média alguns acontecimentos notórios e novos estilos na música e regras sociais foram desenvolvidos. E é claro, algumas curiosidades que talvez você nem imagine também eram da vida comum na época. Vamos a algumas delas!

As primeiras Universidades

Foi durante a Idade Média que as primeiras universidades foram fundadas, a partir do século 12 principalmente na Itália e na França. Entre os séculos 13 e 15 foram fundadas mais de 50 universidades na Europa, muitas delas patrocinadas pelo Papa.

A música na Idade Média

Na Idade Média a música era dominada pela Igreja. O canto gregoriano era o principal estilo musical existente. Trovadores também cantavam e tocavam instrumentos rústicos e baseados em ritmos simples de melodia única.

No final da Idade Média surgiu a escola polifônica, a Ars Nova, que ao contrário do canto gregoriano e das melodias populares simples, elaborava músicas com várias linhas melódicas e com grau de dificuldade maior. A polifonia foi muito importante no desenvolvimento da música Barroca, já a Idade Moderna.

Casamento

Na Idade Média o casamento estava longe de ser o que é hoje, principalmente para as mulheres. Não existia o namoro tal como conhecemos hoje, nem mesmo para a nobreza. As relações eram arranjadas e na maioria das vezes a noiva sequer tinha a opção de dizer não. Era sim ou sim. Topa?

Higiene

O conhecimento sobre o mundo bacteriano e microscópico estava ainda longe de ser descoberto. Assim, as condições sanitárias tanto das cidades medievais como das casas e construções públicas eram muito precárias. Não havia sistemas de esgoto eficientes nem a preocupação com a higienização correta.

A comida também sofria com esses problemas. Não eram acondicionadas de forma adequada e a procedência era negligenciada o tempo inteiro pela maioria da população medieval.

Medicina Medieval

Também fruto de todo o contexto de influência religiosa e falta de conhecimento, os procedimentos médicos medievais eram baseados em crenças e superstições que muitas vezes resultavam no oposto daquilo que os então médicos queriam.

Além disso, a Igreja proibia a utilização de corpos para a realização de estudos, o que barrou ainda mais a possibilidade de se desenvolver métodos e conhecimentos mais calcados na realidade.

Apenas para lembrar, as pessoas na Idade Média nem imaginavam que um dia a anestesia viesse a surgir. Pense em um daqueles procedimentos cirúrgicos experimentais da Idade Média, agora pense ele sem anestesia e sem assepsia dos instrumentos. Dolorido, não é?

A Idade Média foi fundamental na História Europeia e consequentemente também para os países que iriam surgir a partir das grandes navegações do século 15 e 16.

Foi um período de grandes crises, como a peste negra, a regressão econômica e poucos avanços científicos da Alta Idade Média. Mas também foi um período de importantes passos, como a fundação das primeiras universidades, o desenvolvimento das catedrais góticas e da polifonia na música.

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