Relembre o que foi a Peste Negra e seu impacto na Europa Medieval

Você que é fascinado pela história da Europa, certamente já sabe o que foi a Peste Negra. A epidemia que assolou o continente em meados do século 14 dizimou cerca de um terço da população europeia e, além de morte e pavor, deixou também várias lendas. Neste artigo, vamos relembrar um pouco da temida doença.

Artesãos. Reis. Príncipes. Servos. Padres. Senhores feudais. A Peste Bubônica, apelidada de Peste Negra, não escolhia suas vítimas. Espalhando horror por todas as classes sociais, ela mexeu com o imaginário da população e, invariavelmente, influenciou a religião, a produção científica, cultural e artística na Europa Medieval.

Mas como a epidemia se espalhou? Qual foi o legado remanescente dessa fase de horror no velho continente? É o que vamos desvendar agora. ?  

O Triunfo da Morte
O Triunfo da Morte, de Pieter Brueghel. Foto: Web Gallery of Art, Public Domain Mark 1.0

O que foi a Peste Negra? Relembre o período sombrio

Hoje, quando pensamos na Europa, geralmente surge uma lembrança de países imponentes, belos e desenvolvidos. Mas nem sempre foi assim. Por volta de 1347, as cidades medievais tinham péssimas condições de higiene. Lixo, excrementos nas ruas e habitações pequenas abrigando um grande número de pessoas faziam parte do cenário.

Foi no contexto citado que, entre os anos de 1346 e 1352, a Peste Bubônica chegou à Europa. Os porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, transportavam também milhares de ratos. Os roedores, então, encontravam nas cidades sujas e repletas de esgoto um excelente ambiente para viver e se proliferar.

O problema é que os animais estavam contaminados com uma bactéria chamada Pasteurella Pestis, originária das estepes da Mongólia. De brinde, também vinham infestados de pulgas – igualmente infectadas.

Quando os roedores morriam, as pulgas iam atrás dos humanos para se alimentar de seu sangue. Estes, por sua vez, eram contaminados pela bactéria. Portanto, foi a partir do contato dos bichos com as zonas de habitação humana que o caos se instalou.

Se você já pesquisou por imagens da Peste Negra, sabe que a forma como ela se manifesta no corpo humano pode ser bem assustadora. Quando a pessoa é contaminada, ela apresenta diversos sintomas: primeiro, surgem as bolhas de pus e sangue nas axilas, virilha e pescoço.

Depois dos sintomas físicos, vêm ainda os vômitos e a febre alta. Devastadora, ao cair na corrente sanguínea, a bactéria ataca o sistema linfático e ocasiona a morte de diversas células. Na Europa Medieval, ao atingir o sistema circulatório, garantia ao infectado uma expectativa de vida de, no máximo, uma semana.

Assim, rapidamente a Peste Bubônica ceifou milhares de vidas no mundo feudal. Relatos da época reforçam que, com tantas vítimas, faltavam caixões e espaços nos cemitérios. Os mais pobres eram enterrados em valas comuns, somente enrolados em panos.

Os impactos da epidemia, porém, foram muito além das mortes.

Os mitos e as complicações da Peste Negra

Com a evolução científica, atualmente já é fácil identificar que a higiene precária favorece a proliferação de doenças bacterianas. Mas na época isso não era tão óbvio. A religião apontava que a epidemia era um castigo divino contra as práticas pecaminosas da sociedade.

E pior: a Igreja Católica ainda repudiava o desenvolvimento farmacológico. Quem tentava produzir remédios era perseguido e condenado à morte. O motivo? Bruxaria. Muitos grupos sociais foram acusados de ter trazido a Peste à Europa: judeus, leprosos e estrangeiros eram fortemente discriminados.

O preconceito com a doença foi tão grande, que os infectados, muitas vezes, eram abandonados pela própria família em florestas ou locais afastados. A situação era extremamente delicada: mesmo os que sobreviviam à Peste, precisavam lidar com a falta de alimentos e a crise econômica ocasionada pela epidemia.

O pintor Pieter Brueghel, o Velho (1526-1569), retratou os horrores da Peste Negra no quadro O Triunfo da Morte – que ilustra esse artigo. 

Revoltas Camponesas

Outra questão importante se refere às Revoltas Camponesas. Se antes os trabalhadores já eram explorados, a situação ficou ainda mais crítica com a Peste. Os senhores feudais, indignados com a morte de boa parte de seus servos, faziam os que ainda estavam vivos trabalharem em dobro e pagarem impostos pelos que morreram. Uma puta sacanagem.

Cansados da exploração exagerada, especialmente na França e na Inglaterra, muitos camponeses se revoltaram e passaram a saquear castelos e assassinar os senhores feudais. É claro que eles sofreram fortes represálias por parte dos exércitos nobres. Mas, ainda assim, obtiveram conquistas importantes e conseguiram diminuir algumas obrigações servis.

É por isso que a Peste Negra foi marca, também, da chamada Crise do Feudalismo – que culminou no colapso de alguns valores e de algumas práticas da Europa feudal. Vale lembrar que a doença só começou a ser controlada no final do século 14, com a adoção de medidas de higiene nas cidades.

E aí, conseguiu entender melhor o que foi a Peste Negra e seu impacto no continente europeu? Já conhecia os detalhes da história? Comente 😉

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