Minha Londres: Heloisa Righetto

Minha Londres: Heloisa Righetto

Londres não foi uma curva desenhada na prancheta da paulistana Heloisa Righetto, de 31 anos. A dona do blog Básico e Necessário se viu na capital do design por uma proposta de trabalho do marido, Martin. Então, no fim de 2008, a designer de móveis mudou não só de cidade, mas de perspectiva: em vez de criar, passou a procurar referências e escrever sobre o assunto para revistas especializadas.

A capital britânica, porém, alterou mais do que os traços do trabalho de Helo:

– Eu me encontrei em Londres – revela. – Eu encontrei uma carreira nova que eu amo e não teria sido “descoberta” caso tivesse ficado em SP. Eu encontrei algumas das melhores amigas que tenho. Encontrei um bairro que me faz sentir em casa e uma cidade que me oferece uma qualidade de vida maravilhosa.

Em seu blog, autoproclamadamente  “sobre nada”, Helo fala tudo. Dá dicas de Londres e da Inglaterra, mas não se restringe a isso. E com a intimidade de quem conversa com os amigos que deixou no Brasil, o que confere aos textos um tom ainda mais descontraído e informal. Entre os assuntos, tanto uma ida ao Museum of Brands quanto a leitura do Grande Gatsby.

> Mais Minha Londres

Conheça a Londres de Heloisa Righetto:

Qual é a sua relação com a cidade?

Caí aqui de sopetão, depois que meu marido aceitou uma proposta de trabalho.  Não hesitei, já que sempre quis morar fora. Detalhe: nunca tinha vindo para a Europa. Mas honestamente em nenhum momento fiquei assustada, já que a possibilidade de começar uma vida nova me atraiu demais. Londres me deu uns obstáculos nos primeiros meses, mas hoje eu amo estar aqui, me sinto parte de tudo isso. Estive no Brasil há poucas semanas, e uma amiga me perguntou por que eu gosto tanto daqui. Eu me encontrei em Londres!  Eu encontrei uma carreira nova que eu amo e não  teria sido “descoberta” caso tivesse ficado em SP. Eu encontrei algumas das melhores amigas que tenho. Encontrei um bairro que me faz sentir em casa e uma cidade que me oferece uma qualidade de vida maravilhosa.

> Vídeos de Helo no Canal Londres

E como foi o primeiro contato com Londres?

Foi meio louco. Como eu disse, nunca tinha vindo para cá. Então no dia que chegamos, de mala e cuia, deixamos as malas no hotel (onde ficamos por um mês até nossa mudança chegar) e fomos passear. Eu não podia acreditar que, a partir daquele momento, eu morava em Londres. Em Londres! Eu passeava ali por Westminster e via os turistas, e pensava: eu não sou turista, eu MORO aqui!

> Sinais de que você é uma londoner

Minha Londres: Heloisa Righetto
Design, design, design

É melhor escrever sobre design em Londres?

Olha, não sei comparar, pois foi aqui que comecei a escrever sobre design (antes eu era designer). Mas tenho a leve desconfiança de que estou no centro do mundo quando o assunto é design. Tem coisa rolando todos os dias, literalmente. Os designers do mundo todo vêm para cá, seja para procurar inspirações ou para tentar dar um up na carreira. Aqui, o design está intrínseco na cultura, é mais compreendido, portanto mais respeitado. E tem também a parte estratégica, afinal viajar pela Europa para visitar eventos é fácil, mais barato e mais rápido. Eu acho que faço uma espécie de link entre Europa e Brasil, por isso as coisas têm dado certo para mim. Isso (estar aqui) é o que tenho para oferecer, meu diferencial.

> Guia 48 horas de design em Londres

Descreva um dia típico

Minha Londres: Heloisa Righetto
No escritório

Trabalho em um escritório quatro vezes por semana. Então fico por lá das 9h às 17h, mas o trabalho é dinâmico. Escrevo sempre sobre um assunto diferente: se em um dia faço uma matéria sobre tendências de cores em sofás, por exemplo, no outro entrevisto uma designer que faz produtos para animais de estimação. Então é o dia todo no computador, pesquisando muito para essas pautas e fazendo elas acontecerem. A gente também costuma ir a eventos, lançamentos de produtos, exposições, palestras. Chego em casa por volta das 18:30, e aí começa meu segundo turno: trabalho nas minhas colaborações com revistas e sites no Brasil. Todo dia tem alguma coisa pra fazer, ainda bem! Troco muitos emails com os meu editores por lá e desenvolvo as reportagens. Em dias mais tranquilos, termino lá pelas 21h, mas em épocas mais pesadas, vou até umas 23h.

Viajo a trabalho com uma certa frequência, geralmente para visitar as feiras do setor. Milão e Colônia são os locais mais frequentes.

Em compensação, nas sextas-feiras, não vou para o escritório. É um dia, teoricamente, totalmente dedicado aos trabalhos para o Brasil. Mas tento também dar uma desligada quando dá, passear pela cidade, encontrar amigas ou simplesmente ver TV e não fazer nada, o que é um luxo ultimamente.

Minha Londres: Heloisa RighettoDo que você mais gosta?

Meu bairro. Eu amo Greenwich de paixão. Acho que ter ido morar lá foi uma das coisas mais acertadas que já fizemos.

Do que você menos gosta?

Acho que serei a única louca que vai falar isto: no verão, quando escurece às 22h. Acho muito esquisito.

Se tivesse apenas um dia na cidade, o que faria?

Faria a caminhada entre Tower Bridge e Waterloo. Sei que todo mundo fala isso, mas é a melhor maneira de ter uma visão geral da cidade.

> No caminho: OXO Tower

Tem programa turístico que você considera uma cilada?

Sim, o museu de cera! Poxa, tem Van Gogh e Monet de graça, e você vai gastar suas libras para ver uma estátua do Brad Pitt? Sério?

> O que não fazer em Londres

Minha Londres: Heloisa Righetto
London Walks

Cinco atrações imperdíveis

– A primeira, como eu falei, a caminhada entre Tower Bridge e Waterloo.

Minha Londres: Heloisa Righetto
As long as I gaze on Waterloo sunset, I am in paradise (The Kinks)

– Em segundo lugar, fazer um dos passeios guiados do walks.com  – qualquer um, todos valem a pena, eu já fiz vários.

– Depois, Borough Market, tente ir na sexta-feira de manhã, bem mais vazio que o fim de semana.

– Em quarto lugar, National Gallery (porque aí você já passa também pela Trafalgar Square!).

– E não posso deixar de citar Greenwich!

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Greenwich Park

Sente falta do Brasil?

Sinto saudades, mas não sinto falta. Não sofro. Sempre morei longe da minha família e já morava em cidade diferente dos meus pais havia quase 10 anos. Para mim, estar longe fisicamente não significa muito, não. Falo com os meus pais dia sim, dia não no skype, é uma delícia. Mantenho contato próximo com os melhores amigos. Em alguns casos, o contato agora é mais constante do que quando morava lá. Voltar para o Brasil acho que é algo natural, talvez um dia. Mas esse dia ainda está longe.

Informações básicas sobre a Helo

Sou de São Paulo e morei por lá quase a vida toda, mas a familia é de santa catarina. Tenho 31 anos, sou casada, estudei Design e hoje atuo como jornalista de design. Falar que torço pro santos também é informação básica, né? ; )

Fotos da matéria: Heloisa Righetto, arquivo pessoal

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