Catarina de Aragão e a busca por um filho homem

A espanhola Catarina de Aragão (Catherine of Aragon) foi rainha consorte da Inglaterra entre junho de 1509 e maio de 1533. Ela foi a primeira esposa do Rei Henrique VIII, aquele monarca obcecado por um herdeiro homem que brigou com a Igreja Católica, assumiu o cargo de chefe da Igreja da Inglaterra, se casou seis vezes e mandou matar duas de suas ex-cônjuges. Incapaz dar à luz um filho do sexo masculino, a rainha foi exilada da corte contra sua vontade. Sua filha única, Mary, viria depois a se tornar a Rainha Maria, a Bloody Mary.

Catarina de Aragão e os irmãos Tudor

Descendente da monarquia britânica, Catarina de Aragão viajou aos 16 anos de Madri para Londres. O objetivo: casar com o irmão de Henrique VIII, o então herdeiro direto do trono, Arthur, Príncipe de Gales. Eles se casaram na antiga St Paul’s Cathedral, em 1501. Mas Arthur morreu apenas cinco meses depois.

Para não arcar com o valor do dote, o pai de Arthur e Henrique, O Rei Henry VII, decidiu que valeria mais a pena financeiramente casar Catarina com seu outro filho do que a mandar de volta para Madri.

Assim, ela precisou esperar em Londres, em uma espécie de prisão domiciliar, para que a situação entre seu pai e seu sogro fosse resolvida e para que a igreja se convencesse de que o seu enlace com o primeiro marido não havia sido consumado e lhe permitisse casar com o irmão. Nesse período, Catarina de Aragão se tornou a primeira embaixadora mulher da história europeia, representando os interesses da Espanha na Inglaterra.

O casamento de Catarina de Aragão com Henrique VIII

A espera de Catarina acabou apenas em junho de 1509, com uma cerimônia de casamento em Greenwich. Dias depois, na véspera da coroação do Rei, como de costume, o casal passou a noite na Torre de Londres. Certamente não foi um bom augúrio para os próximos eventos na vida do monarca e de sua cônjuge.

Preocupado pelo histórico recente na sucessão ao trono, o Rei Henrique VIII queria logo um filho homem, para garantir uma transição tranquila de poder após sua morte. Mas esse desejo não lhe foi concedido facilmente.

Catarina de Aragão
Pintura de Catarina de Aragão: Lucas Hornebolte

Catarina de Aragão e a busca por um herdeiro

Catarina de Aragão engravidou dois meses após o casamento. Mas perdeu a filha ao dar à luz. Logo depois, ficou grávida novamente, desta vez de um menino, cujo nascimento foi comemorado com salvas de canhão na Torre de Londres e vivas por toda a Londres. Só que o garoto teve uma morte súbita aos 52 dias de vida.

Parecia uma maldição. Catarina engravidou em 1513 e em 1514 e perdeu os filhos logo após o nascimento.

Um ano depois, Catarina de Aragão deu à luz uma menina, Mary. Esta viria a ter um papel bem importante muitos anos depois na monarquia britânica.

Depois disso, pressionada pelo Rei, Catarina fez até uma peregrinação para rogar por um filho homem. Em 1518, ficou grávida novamente, de uma menina, que faleceu ao nascer.

Exílio de Catarina

No início, a rainha teve um papel ativo no reinado, inclusive como regente quando Henrique se ausentava em campanhas militares. O casal se entendia bem e se divertia com festas no palácio.

Aos poucos, porém, a pressão por um filho homem e a sucessão de tentativas mal-sucedidas foram minando esse relacionamento. Até que o Rei Henrique VIII se convenceu de que a maldição se devia ao fato de ele ter casado com a ex-esposa do irmão.

A ideia o levou a pedir anulação de seu casamento com Catarina, mais de 20 anos depois do matrimônio, mas o Papa não concordou.

Assim, Henrique rompeu com a igreja católica, chamou para si a responsabilidade pela igreja na Inglaterra, se separou à força de Catarina, mandou-a embora da corte e depois se casou com a jovem Ana Bolena, que teria um destino ainda mais cruel do que o de sua primeira esposa.

Catarina de Aragão morreu em 7 de janeiro de 1536, aos 49 anos, no Castelo de Kimbolton, afastada da corte e proibida de ver e se comunicar com sua própria filha, Mary.

A história de Catarina termina aqui, mas há muitos capítulos nessa batalha pelo poder.

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